Neste final de semana, Joinville irá comemorar a história de uma farda que nasceu no século 19 e tornou-se sinônimo de respeito e honra para a cidade. Isso porque o Corpo de Bombeiros Voluntários completará 122 anos. Mas a festa já começou a ser celebrada na noite desta sexta-feira.

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O uniforme com as cores cinza e vermelho em destaque conquistou o carinho dos joinvilenses por salvar vidas, apagar incêndios e proteger o meio ambiente. A primeira semente foi plantada no dia 13 de julho de 1892, quando os imigrantes do município criaram a associação.

Na época, havia muito risco de incêndio porque a iluminação era à base de óleo e as casas eram de madeira. Como o associativismo fazia parte da cultura deles, foi dessa forma que lutaram pela educação, saúde e segurança – explicou a vice-presidente da corporação, Dolores Tomaselli.

Recursos

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Antigamente, a corporação não tinha os recursos de hoje para trabalhar. Os voluntários iam de bicicleta para o combate e usavam baldes de lona, que ficavam dobrados dentro do bolso do uniforme. Também não havia sirene. O tocar dos sinos alertava problema. Como os bombeiros não ficavam de plantão na sede, pois o número de ocorrências era bem menor, existiam casas de anunciadores de fogo.

– Antes, não tinha telefone, e a comunicação era restrita. Quando as cornetas tocavam, todos os voluntários da região se apresentavam para o combate. Quando o incêndio era longe, a equipe pedia ajuda aos carros de praça, os atuais táxis – conta Dolores.

Em 1895, a corporação começou o trabalho com líderes e comandantes. Os anos de experiência fortaleceram a associação, que ganhou sede em 1913, onde é até hoje, na rua Jaguaruna Em 1925, veio a primeira bomba de motor e, um ano depois, o primeiro caminhão. Dolores chama atenção para a evolução tecnológica da equipe, que, antes de completar meio século, já tinha equipamentos sofisticados.

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A sirene chegou nos anos quarenta e, na metade do século, os voluntários ganharam linha telefônica. A corporação passou a atuar em regime de plantão por volta de 1970. Recentemente, a aquisição mais nova do grupo, que soma mais de 1.800 pessoas, foi a plataforma. Hoje, a corporação é referência para cidades de todo o País pela sua estrutura humana e de equipamentos.

Tradição de pai para filho

A tradição do Corpo de Bombeiros Voluntários se mantém viva em Joinville há 122 anos. A história da corporação foi construída com a dedicação de muitas famílias, como a de Edgard Seiler, voluntário há mais de 47 anos. Desde o ano passado, o filho dele, Eder, de 28, tornou-se bombeiro profissional e assumiu a missão de combate que antes era exercida pelo pai.

Atualmente, Edgard contribui com os bombeiros com outras atividades. Eder descobriu que gostaria de ser voluntário quando terminou o curso de técnico de enfermagem e começou a trabalhar em um lar de idosos.

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– Me apaixonei pela urgência e pela emergência. Participando do Corpo de Bombeiros, eu posso ajudar as pessoas – diz Eder.

A sede dos voluntários que fica no Centro, se transformou na segunda casa de Eder, que tem dois empregos, além do voluntariado. Ele trabalha à noite como técnico de enfermagem e, ao meio-dia, como garçom. Nas noites de folga, veste a farda e fica à disposição dos chamados do Corpo de Bombeiros. Apesar da paixão que o pai tem pela corporação, Eder conta que nunca foi pressionado por ele para vestir o uniforme também.

Edgard fala com orgulho sobre a dedicação que a família dele tem em ajudar a salvar vidas. Além de Eder, os outros dois filhos participaram do Corpo de Bombeiros mirim.

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– Sem a farda, ninguém é reconhecido, mas quando a gente veste o uniforme, todo mundo nos respeita – revelou Edgard, que se lembra, como se fosse hoje, da época em que só trabalhava com um capacete e uma mangueira na mão.