Em julho de 2011, o empresário e roqueiro Elissandro Spohr, o Kiko, teria sido notificado pelo Corpo de Bombeiros para aumentar em 20 centímetros o tamanho da porta que dava acesso à saída principal da boate Kiss, então uma das mais badaladas casas noturnas de Santa Maria.

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Ele não teria atendido à exigência dos bombeiros. Na madrugada de 27 de janeiro, um incêndio durante show da banda Gurizada Fandangueira provocou a morte de pelo menos 239 pessoas, a maioria jovens universitários, uma tragédia que se perfilou entre as maiores do Brasil e do mundo.

Esta informação faz parte do inquérito que está sendo apurado pela Polícia Civil.

Um dos delegados encarregados do caso, Sandro Meinerz está apurando as informações. Entre as dezenas de documentos que recebeu do Corpo de Bombeiros, o delegado procura a notificação feita a respeito do aumento do tamanho da porta de acesso à saída principal. Também espera os resultados da perícia para saber quais são as dimensões exatas dessa porta.

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– Estamos cruzando as informações prestadas com documentos, depoimentos dos Bombeiros e dados técnicos que serão fornecidos pelas perícias. No final desses cruzamentos, saberemos o que aconteceu – disse o delegado, sem entrar em maiores detalhes.

Na planta, a porta interna que dá acesso à saída principal está dividida em duas, separadas por uma parede. Uma delas, com 1m10cm, é dividida em duas folhas de 55 centímetros cada. A outra tem uma única folha de 1m10cm. No início de 2011, uma obra teria unido as das duas, formando uma única porta de dois metros. Em julho daquele ano, os bombeiros teriam pedido que ela fosse aumentada em 20 centímetros.

Depois da tragédia, uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou que ela continuava com os dois metros – portanto, a exigência dos bombeiros não teria sido atendida. Para pôr fim às dúvidas, um perito do Departamento de Criminalística (DC) trabalha na elaboração da planta definitiva da casa noturna, que servirá de base às investigações policiais.

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Formado em arquitetura, o especialista esteve no local e tirou medidas de todos os ambientes, incluindo a porta.

Desde a semana passada, segundo revelou em entrevista exclusiva a ZH o diretor do DC, Antônio Pedro da Luz Figini, o perito reconstitui o cenário do incêndio em todos os detalhes, com o auxílio de um programa de computador chamado AutoCad, muito utilizado por arquitetos e engenheiros. Ele deve apresentar uma planta baixa da Kiss e também uma variação em 3D.

O trabalho deve ser concluído até o fim do mês. Kiko está preso. Ontem, ZH falou com Jader Marques, advogado de Kiko, no final da manhã. O defensor pediu para que nova ligação fosse feita no final da tarde, mas ele não atendeu aos chamados.

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*Colaborou Juliana Bublitz

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