Quando partiu de Blumenau para Brumadinho (MG) para ajudar nas buscas onde uma barragem de rejeitos se rompeu, o cabo Jacques Douglas Romão deixou a esposa, o filho Lucas, de sete anos, e um tesouro recém-chegado à família: o bebê Matheus, de apenas três semanas de vida.

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Durante oito dias, cabo Romão fez parte do grupo de bombeiros militares que esteve na cidade mineira fazendo buscas. Ele é responsável por guiar o cão Bravo. Na tarde desta quinta-feira, ele e os outros quatro bombeiros da região de Blumenau foram recebidos por familiares na chegada de volta à cidade, no batalhão do Corpo se Bombeiros. Outro grupo da corporação, das cidades de Xanxerê, Chapecó e São Miguel do Oeste, substitui os bombeiros de Blumenau. No dia 12, outro grupo parte para Brumadinho, desta vez com mais dois representantes do Vale – um de Blumenau, especialista em cães, e outro de Brusque, que atua com drones.

A recepção foi de alívio e festa. Com direito a beijo da esposa, abraço do filho, o cão Bravo correndo em volta da família. Com o pequeno Matheus finalmente nos braços, ele ainda lembrava o cenário que viu em Brumadinho.

– Foi desolação total, destruição total. Algo que nos lembra novembro de 2008, mas em proporção bem maior, até pelo número de mortes – aponta.

A esposa conta que o coração ficou apertado com a partida de Romão, ainda mais pela distância do filho mais novo do casal.

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– A gente não sabe o que pode acontecer, ainda mais por estar perto de uma área de risco, mas sabemos que eles estão indo para fazer o bem, tem que compreender e torcer sempre pelo melhor – relata.

Os abraços de familiares na descida do micro-ônibus em que os bombeiros retornaram também foram estendidos ao subtenente Valério Pereira. Ele estava prestes a entrar para a reserva da corporação, mas após o episódio em Brumadinho foi convidado para ajudar e fazer desta sua última missão. A aposentadoria veio ainda em solo mineiro. De lá ele também trouxe um machucado na cabeça provocado por uma queda de portão. Mas lembranças do que foi vivido em Minas Gerais devem continuar lividas por muito tempo para o bombeiro.

– São 33 anos no Corpo de Bombeiros, passei por situações complicadas como 2008, mas Brumadinho foi marcante, chocante. A situação muda a cada dia. Muitas vezes o trabalho é oferecer conforto para um familiar de uma vítima. É triste, mas alguém tem que fazer. E é algo que jamais vou esquecer – frisa.