O Corpo de Bombeiros informou nesta tarde (25) que aproximadamente 200 pessoas estão desaparecidas após o rompimento da Barragem da Mina Feijão, em Brumadinho (MG). A estrutura, que pertence à Vale, liberou no meio ambiente um volume ainda desconhecido de rejeitos de mineração.
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O Hospital João XXIII, instituição pública vinculada ao estado de Minas Gerais e sediada em Belo Horizonte, acionou um plano de atendimento para múltiplas vítimas de catástrofes.
Por volta das 15h30, dois feridos acidente deram entrada no pronto socorro do hospital. Pelas primeiras informações, são duas mulheres de 15 e 22 anos. As vítimas chegaram ao hospital resgatadas pelo helicóptero dos bombeiros. Elas estão no setor de politraumatizados.
Até as 16h30, outros dois feridos chegaram ao hospital. Ao todo, são 51 socorristas e seis aeronaves atuando no resgate. Segundo a corporação, um posto de arrecadação de alimentos foi montado na Faculdade Asa de Brumadinho.
Em 2015, houve o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), no qual a Vale também esteve envolvida. Considerada a maior tragédia ambiental do país, a enxurrada de lama de 5 de novembro de 2015 deixou 19 mortos. Na ocasião, alcançou o Rio Doce, um dos mais importantes de Minas Gerais, até a foz, no oceano, matando milhões de peixes, anfíbios, répteis e aves marinhas.
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Bombeiros atuam com seis aeronaves
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que o Sistema de Comando de Operações (SCO) está estruturado no Centro Social do Córrego do Feijão, em Brumadinho. "Vários órgãos, principalmente de segurança pública, estão no local e em reunião neste momento definindo as estratégias de atendimento", diz a nota.
Ao lado do Centro Social do Córrego do Feijão, há um campo de futebol que está sendo usado como área de avaliação e triagem das vítimas para atendimento médico, além de estacionamento de viaturas. Também foi estruturado um posto para arrecadação de alimento na Faculdade Asa de Brumadinho.
O Corpo de Bombeiros informou que está atuando com 51 militares, e que contam ainda com seis aeronaves.
A corporação alerta os órgãos de imprensa que estão utilizando drones, pois estariam atrapalhando o sobrevoo das aeronaves da corporação.
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– As aeronaves estão resgatando inúmeras pessoas ilhadas em diversos pontos a todo momento.
Moradores da região do rio Paraopeba devem sair de casa
O rompimento foi na região do córrego do Feijão, na altura do km 50 da rodovia MG-040. A barragem tinha volume de 12,3 milhões de m³ de rejeito de mineração. A de Mariana, que se rompeu há três anos, tinha 50 milhões de m³ de rejeitos.
Os rejeitos atingiram a bacia do rio Paraopeba. Moradores de cidades por onde passa o rio, como Betim, estão sendo orientados a deixar suas casas.
A Vale informou que ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens. De acordo com o governo de Minas Gerais, uma força-tarefa do estado já está no local do rompimento, para acompanhar e tomar as primeiras medidas.
Segundo a empresária mineira Natália Farina, 30, a região atingida tem em torno de mil moradores. Ela, que estava trabalhando no centro de Brumadinho no momento do incidente, disse que não houve alerta antes do rompimento por lá, e que a lama continua descendo, enquanto a população busca abrigo em partes altas da cidade.
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Já o biólogo Luiz Guilherme Fraga e Silva, 27, se salvou "por uns 30 segundos" de ser levado pelos rejeitos. Mineiro de Belo Horizonte, ele fazia um trabalho de campo na cidade, tirando fotos da comunidade, quando viu um tsunami de lama vindo em direção à ponte em que estava.
"Saiu varrendo tudo e eu fui correndo para um trevo próximo. Vi todo mundo saindo gritando das casas e a lama levando os fios de postes de luz, tudo caindo", conta Luiz Guilherme. "Até agora não caiu a ficha, nem sei como estou dirigindo."