Risos, tosse e até silêncio. Mais de 30% dos telefonemas aos quartéis do Corpo de Bombeiros de Itajaí e Balneário Camboriú são trotes. Para coibir essa prática, os bombeiros conscientizam crianças sempre que dão palestras nas escolas, mas por incrível que pareça, os pequeninos não são os únicos a discar para o 193 sem o intuito de comunicar uma ocorrência.

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O sargento João Carlos Muniz de Mello, de Balneário Camboriú, acredita que grande parte dos trotes são passados por adultos. Na maioria dos casos, são ligações de telefones públicos ou celulares e as pessoas não falam nada. Crianças normalmente, tentam contar uma história.

Há ainda, segundo o sargento, casos de pessoas que inventam ocorrências para verem viaturas sendo deslocadas. Nesta segunda-feira, em mais de 100 ligações atendidas durante a manhã, pelo menos 35 foram trotes.

Quem passa trotes também costuma ser insistente. Os bombeiros chegam a receber até cinco telefonemas de um mesmo número, com intervalos de menos de um minuto entre as ligações.

Em Itajaí, a situação é a mesma segundo o capitão Fabiano Neves. Só que na maior parte dos casos os trotes são passados por crianças, na saída da aula. Por sorte, os atendentes conseguem detectar que não se trata de uma ocorrência real antes de deslocar uma viatura.

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Como os bombeiros têm em média 30 segundos para chegar até a ocorrência, os trotes atrapalham o trabalho da corporação. A conscientização com as crianças é feita nesse sentido. O sargento Muniz conta que é comum os militares entrarem em contato com os pais de crianças que ligam sempre e até com elas mesmas para pedir que parem com os trotes.

– Quando é criança a gente explica que no tempo que estamos atendendo o trote poderíamos estar atendendo uma ocorrência grave e poderia ser a mãe ou a avó dela.

Houve um caso, segundo o sargento, de uma menina de Porto Belo que ligava quase diariamente para os bombeiros. Os atendentes ficaram sabendo até o nome da garota, que telefonava informando ser jornalista.

– Tem muita criança que fica sozinha em casa, aí eles telefonam para conversar. Em alguns casos entendemos que não é por mal – diz.

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Em outro caso, não se sabe se envolvendo criança, os bombeiros receberam mais de 16 telefonemas de um número de Tijucas, área de abrangência do batalhão. Só depois de fazer um apelo nas rádios do município, a corporação parou de receber trotes desse número.

Adultos

Mas quando os bombeiros identificam que o telefone usado para os trotes pertence a um adulto a conversa é outra. Sempre que as ligações se tornam constantes os bombeiros advertem que poderão rastrear o endereço da pessoa por meio do chip do celular e mandar a polícia até a casa dela.

Há, ainda, casos de pessoas que ligam para pedir informações. Sendo referentes a números de telefones emergenciais, como o da Polícia Militar, os bombeiros informam, mas em outros casos não.

– Tem gente que pede o telefone da clínica de olhos, do salão de cabeleireiro aqui ao lado. Alguns ficam bravos porque não informamos – afirma o sargento Muniz.

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Também há pais que colocam os filhos no telefone para falar com os bombeiros.

– Às vezes é até um carinho com a corporação, a criança tem a curiosidade de falar no telefone e o pai liga para os bombeiros – explica.