Cena de “guerra” e “perturbadora” foi como o cabo Ronaldo Fumagalli, do Batalhão de Curitibanos, descreveu a tragédia em Petrópolis. O desastre mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina no sábado (19). O bombeiro contou sobre a pressão dos familiares sobreviventes e a dificuldade para resgatar as vítimas soterradas. 

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Até o momento, são cerca de 183 mortos e 83 desaparecidos. Até o Rio de Janeiro foram nove bombeiros militares catarinenses e seus cães. Fumagalli e o cachorro Hunter, já participaram de resgates no rompimento da barragem em Mariana, no deslizamento de Brumadinho e no incêndio do prédio de Segurança Pública em Porto Alegre. Mesmo com experiência, o bombeiro confessou que ficou impactado.

— A cena realmente é perturbadora, uma cena de guerra. Um morro desceu, trazendo as casas até embaixo e é uma cena bem complicada. Mesmo já tendo participado de outras ocorrências a gente fica impactado. Tem um número de vítimas muito alto — contou o bombeiro.

Segundo o cabo, a ocorrência é complexa em função das chuvas que podem causar novos deslizamentos, dos escombros e da lama. Ele conta que os familiares que sobreviveram muitas vezes acompanham de perto a operação e pressionam pelo resgate. Conforme o bombeiro, a localização de um corpo pode ser identificada, mas a retirada é mais complicada.

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— No domingo, um homem estava nervoso, procurava pelo filho pequeno e a sogra. O cão localizou as vítimas e encontramos filho e a sogra soterrados abraçados — fala Fumagalli.

> Equipes de Santa Catarina atuam na busca por vítimas em Petrópolis; veja vídeo

O bombeiro havia acabado de sair da chamada área “quente” região onde aconteceu o deslizamento e existem riscos. Ele conta que após passarem o dia tentando resgatar uma vítima, tiveram que sair em função da chuva. 

— É bem complexo, hoje [segunda] a gente trabalhou a tarde toda, o cão indicou onde estava a vítima e a gente não conseguiu chegar lá, por causa da instabilidade do terreno, a chuva que começou. A gente depende de maquinário, e vamos bem na boa, pra não ferir a vítima que tá ali soterrada — explica. 

Veja fotos do trabalho dos bombeiros em Petrópolis

Muitas vezes os bombeiros localizam a vítima, mas demoram para resgatá-la em função dos escombros
Muitas vezes os bombeiros localizam a vítima, mas demoram para resgatá-la em função dos escombros – (Foto: Soldado De Souza, CBMSC)
As chuvas que ocorrem no local interrompem as buscas e causam novas inundações e deslizamentos
As chuvas que ocorrem no local interrompem as buscas e causam novas inundações e deslizamentos – (Foto: Soldado De Souza, CBMSC)
Muitos dos bombeiros militares foram acompanhados de seus cães, que ajudam na localização das vítimas
Muitos dos bombeiros militares foram acompanhados de seus cães, que ajudam na localização das vítimas – (Foto: Soldado De Souza, CBMSC)
Os bombeiros de SC foram mobilizados para auxiliar os bombeiros do Rio de Janeiro
Os bombeiros de SC foram mobilizados para auxiliar os bombeiros do Rio de Janeiro – (Foto: Soldado De Souza, CBMSC)
Os bombeiros militares de SC foram no sábado (19) para o Rio de Janeiro
Os bombeiros militares de SC foram no sábado (19) para o Rio de Janeiro – (Foto: Soldado De Souza, CBMSC)
Uma das dificuldades dos bombeiros é quantia de escombros no local
Uma das dificuldades dos bombeiros é quantia de escombros no local – (Foto: Soldado De Souza, CBMSC)

O desastre em Petrópolis

O município de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, foia tingido por um forte temporal na terça-feira (15). Foram seis horas de chuva, que causaram deslizamenetos, enxurradas e inundações. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar, até o momento são cerca de 183 mortos e 83 desaparecidos. A tragédia já matou mais que as enchentes que aconteceram em 2008 em Santa Catarina.

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