A bombeira Maria Júlia Reinert foi acionada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) na quarta-feira (1°) para sair de Santa Catarina e ir ao Rio Grande do Sul com a missão de ajudar as vítimas das chuvas que afetam o estado gaúcho. Ao chegar lá, entretanto, não esperava encontrar uma rede de solidariedade e apoio da população com os socorristas catarinenses em meio ao cenário de tragédia.
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Maria Júlia faz parte da primeira equipe de 32 bombeiros enviada ao Rio Grande do Sul. Junto com os colegas cabo Fernando Moraes Felisbino, cabo Juliano Carlos Cidral e Soldado Jorge Lucas Teixeira, atuou na região de Encantado, no Vale do Taquari, por sete dias. Em Santa Catarina, a equipe trabalha no quartel da corporação em Timbó, no Alto Vale do Itajaí.
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— Era uma região do interior, de pessoas mais carentes e mesmo com toda essa situação, eles nos ajudavam em tudo que era possível. Até mesmo oferecendo comida. Eles estavam precisando e mesmo assim mostraram uma solidariedade que me marcou muito. Um aprendizado em meio a tudo aquilo — disse a bombeira em entrevista ao NSC Total.
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Um dos atendimentos que mais marcou Maria Júlia durante os trabalhos no Rio Grande do Sul foi no dia em que foi acionada para fazer um resgate em uma casa atingida por um deslizamento de terra. Segundo ela, para chegar ao local, precisou caminhar por quatro quilômetros.
— A casa ficou totalmente destruída, mas ainda com algumas partes aparentes, por isso tínhamos um local e indícios para começar as buscas. Este atendimento resultou na recuperação de cinco vitimas, em óbito, e foi um trabalho que durou cerca de 12 horas — conta.
Atuando no CBMSC há seis anos, a profissional está há dois na equipe de Força-Tarefa. Em 2023, atuou no deslizamento que ocorreu em Rodeio, no Vale do Itajaí, que, segundo ela, teve uma semelhança com que viu no Rio Grande do Sul.
— Mas a título de proporção, não chega nem perto. Em Rodeio foi algo pontual. No Rio Grande do Sul é a cidade toda e todas as cidades ao redor. Um cenário totalmente diferente — relata.
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Sem saber se iria voltar
Atuando em lugares de difícil acesso, a equipe do CBMSC caminhou por longos quilômetros carregando os equipamentos pesados e contando com caronas de outras pessoas que estavam com tratores. Muitas vezes, a bombeira não sabia se o helicóptero responsável por levar e buscar a equipe conseguiria voltar.
— Tiveram regiões que só conseguimos acessar com auxílio de helicóptero, por conta da interdição das vias. Às vezes ouvíamos “não temos como prometer que voltamos buscar vocês” e a gente dizia “Ok, é pela missão” — diz.
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O CBMSC enviou, no total, 71 bombeiros militares ao Rio Grande do Sul para atuar nos resgates das vítimas. Até esta sexta-feira (10), atuavam no estado gaúcho 49 bombeiros militares e quatro cães de busca com uma estrutura de 12 viaturas, 17 embarcações, 11 motores de popa. Além disso, a equipe conta com uma mini escavadeira, um Auto Posto Comando (APC) e dois caminhões. Também h[a um quadriciclo, drones e equipamentos para resgate em áreas deslizadas.
Maria Julia relata que, apesar das dificuldades enfrentadas e observadas, ela se sente grata de poder contribuir de alguma forma.
— Perto desses moradores, que mesmo em meio a extrema dificuldade se mostraram solícitos para ajudar, eu não me considero nada solidária. Com certeza eu vou levar isso para minha vida. Recebi muito, de pessoas que naquele momento não tinham mais nada — finaliza.
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