A relação entre bom rendimento escolar e sucesso no trabalho, identificada em pesquisa, divulgada nesta terça-feira não costuma ser levada em consideração pelas empresas brasileiras na hora de contratar. Segundo profissionais de recursos humanos, apresentar diploma de uma escola ou universidade de prestígio conta pontos no processo de seleção, mas o desempenho do candidato enquanto aluno da instituição não é investigado. Dá na mesma ter sido o melhor ou o pior da turma.

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– Esta é uma pergunta com a qual nunca deparei: “Qual foi teu desempenho escolar?”

Não é um item dos processos seletivos – diz Gabriela Pezzi, diretora de capacitação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS) e gerente de recursos humanos da Unimed de Porto Alegre.

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Essa situação contrasta com a de outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o conceito nas avaliações escolares é importante não apenas para conseguir vaga em uma universidade. Também é passaporte para um bom emprego.

No Brasil, a preferência é por avaliar outros quesitos: a trajetória, as experiências, o cacife da instituição onde se obteve o diploma, a entrevista. Não há espaço para o histórico escolar nos currículos. Gabriela acredita que o trabalho divulgado nesta terça-feira possa colaborar para transformar isso:

– A consequência da pesquisa pode ser provocar mudança nas políticas de recursos humanos. Pode colaborar para as notas serem valorizadas, para os alunos de bom desempenho as colocarem em seus portfólios.

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O fato de os empregadores ignorarem as notas não significa que os candidatos podem descuidar do aprendizado. Profissionais de recursos humanos observam que as características que fazem alguém sair-se bem na escola são, em muitos casos, as mesmas que levam ao sucesso em um processo de seleção para empresas: a inteligência, a velocidade de resposta, a clareza de pensamento, a ânsia por desenvolver o potencial ao máximo, a sede de conhecimento.

Segundo esse ponto de vista, o fato de os bons alunos serem recompensados com salários mais altos, como mostra a pesquisa, indica que os atuais processos de seleção contam com mecanismos capazes de identificar os mais aptos, mesmo sem averiguar conceitos escolares.

Essa é a razão para profissionais como Ivi Albuquerque Pereira, gerente de mercado da Produtive, empresa de planejamento de carreira e recolocação profissional, entenderem que não há necessidade de pedir as notas escolares nas entrevistas.

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– Não se olha a nota porque a nota acaba se traduzindo em outras características, como o conhecimento e as experiências. A nota é o pano de fundo – afirma Ivi.