Republicanos de costa a costa nos Estados Unidos estão com o sabor da vitória no ego – algo que ainda não haviam experimentado desde o início da corrida pela Casa Branca.

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É o efeito direto da renovação da confiança que agora depositam em Mitt Romney depois que ele surpreendeu o público e superou o presidente Barack Obama no primeiro debate presidencial das eleições americanas.

E confiança, no vocabulário eleitoral, significa mais dinheiro em doações de campanha e uma base mais estimulada a comparecer às urnas – algo essencial em um país onde o voto não é obrigatório.

Um dia antes e muitos dos mesmos republicanos, faltando mais de um mês para o pleito, já abraçavam o sentimento de derrota criado por uma campanha ineficiente, um candidato promissor apenas na criação de gafes e uma profusão de propaganda negativa veiculada pelos democratas.

Encurralado pelas pesquisas, Romney se agarrou à última chance de revitalizar sua candidatura e partiu para o ataque com um discurso incisivo mas respeitoso, irônico mas direto, contra um Obama hesitante e professoral nas respostas.

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Tal o consenso entre analistas sobre o desempenho negativo do presidente que a reação começou ontem. O chefe da campanha democrata, David Axelrod, disse à imprensa americana que a estratégia seria reavaliada para o próximo debate, no dia 16, e um Obama combativo reapareceu já em um discurso pela manhã em Denver. Acusou Romney de ter mentido e ironizou:

– Quando eu subi no palco, encontrei este indivíduo em forma, que dizia ser Mitt Romney. Mas esse não podia ser Mitt Romney!

Na análise da revista britânica The Economist, o democrata estava preparado para enfrentar uma retórica radical baseada nos clichês da direita, mas encontrou um oponente ponderado que soube administrar a vantagem durante todo debate.

O efeito mais importante é que o ex-governador de Massachusetts foi capaz de renovar a crença do Partido Republicano de que pode ocupar a Casa Branca. Embora especialistas em pesquisas de opinião costumem minimizar o efeito dos debates em uma eleição, Romney, longe dos filtros do marketing, da imprensa e da propaganda, mostrou-se ao eleitor como um homem preparado para a tarefa de comandar o país. De modo semelhante, o ex-presidente Ronald Reagan se livrou da imagem de cowboy nuclear ou de ator canastrão quando mostrou competência no debate contra Jimmy Carter em 1980.

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A vitória, contudo, não pode ser hipervalorizada. Não houve nocaute. Romney, como escreveu o analista americano Walter Russel Mead, apenas parou de perder. Caberá a ele administrar a pequena vantagem conquistada e garantir um pouco mais de emoção à corrida eleitoral.