Pequim, dia 16 de agosto de 2008, 22h30: Usain Bolt voa baixo na pista do ‘Ninho de pássaro’ e conquista o ouro olímpico nos 100 m para se tornar o homem mais rápido do mundo.

Continua depois da publicidade

Diz o ditado popular que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas o jamaicano está de volta à capital chinesa sete anos depois, para tentar se manter no topo do atletismo mundial, com a promessa de um duelo explosivo com o americano Justin Gatlin.

Em 2008, Bolt não era conhecido do grande público, mas apresentou o cartão de visitas, conquistando três medalhas de ouro, nos 100 m, 200 m e 4×100 m, com direito a três recordes mundiais. Ele tinha apenas 21 anos.

O astro melhorou ainda mais suas marcas no ano seguinte, no Mundial de Berlim (9.69 nos 100 m e 19.19 nos 200 m), e desde então nunca foi superado.

O recorde dos 4×100 m também pertence à equipe jamaicana, com 36.84 nos Jogos de Londres-2012.

Continua depois da publicidade

Antes disso, Bolt tinha conquistado ‘apenas’ duas pratas (200 m e 4×100 m) no Mundial de Osaka-2007.

Pouco antes dos Jogos, já tinha dado as caras ao quebrar o recorde mundial pela primeira vez em 3 maio de 2008, em casa, em Kingston (9.76). Ele repetiu a dose no dia 31 do mesmo mês, em Nova York (9.72), respondendo ao compatriota Asafa Powell (9.74).

– ‘Me divirto correndo’ –

Em Pequim, além dos tempos estratosféricos, o que conquistou a torcida foi a postura de ‘showman’ do jamaicano, com caras e bocas, um sorriso sempre estampado no rosto, e o gesto emblemático do ‘raio’, que virou sua marca registrada.

“Sou um ator do espetáculo. As pessoas pagam para ver um show. Eu me divirto correndo, e preciso aproveitar”, justificou o velocista, para rebater os críticos que o acusam de soberbia e arrogância.

Continua depois da publicidade

Bolt tornou-se um superastro, mas prometeu depois da sua última corrida no ‘Ninho de Pássaro’ que o êxito não iria mudá-lo.

“Não vou mudar. Sempre procuro estar relaxado, dando voltas na pista para não pensar muito na corrida. Não permito que as pessoas coloquem pressão em cima de mim. O atletismo é lindo, temos que desfrutar desse esporte”, tinha prometido o jamaicano.

Bolt defendeu com êxito os três ouros de Pequim quatro anos depois, em Londres, e sonha agora com o ‘triplo tricampeonato’ no Rio de Janeiro, em 2016.

Com 100% de aproveitamento em Olimpíadas, o homem mais rápido do mundo só tropeçou uma vez nos três Mundiais que disputou depois de Pequim, nos 100 m de Daegu-2011, quando queimou a largada e deixou caminho livre para o compatriota Yohan Blake.

Continua depois da publicidade

Mesmo assim, já soma dez medalhas no evento, oito delas de ouro, às quais se somam as duas pratas de Osaka-2007.

– Hegemonia à prova –

Apesar do currículo invejável, Bolt chega a este Mundial cheio de incertezas. O início de temporada foi preocupante, mas o ‘Raio’ caiu duas vezes em Londres, no dia 24 de julho, com dois 100 m em 9.87 sob chuva, com apenas uma hora de intervalo entre as duas provas.

A melhor marca do ano, porém, pertence a Justin Gatlin (9.72), que já foi suspenso duas vezes por doping.

Em meio a escândalos que abalam o esporte, Bolt é muitas vezes visto como o salvador do atletismo, mas se recusa a vestir a roupa de super-herói.

Continua depois da publicidade

“Antes de mais nada, corro para mim mesmo. As pessoas dizem que preciso ganhar para dar credibilidade ao esporte, mas muitos outros atletas são ‘limpos’. Acho que é da responsabilidade de todos os atletas ajudar o nosso esporte e mostrar que se pode chegar longe sem doping”, opinou o velocista em entrevista coletiva realizada na sexta-feira.

“Tudo que ouvimos nas últimas semanas foi doping, doping, doping. A maioria das perguntas são sobre este assunto. É realmente triste”, lamentou.

Cabe ao jamaicano brilhar de novo no ‘Ninho do Pássaro’ para que suas façanhas voltem a ocupar as manchetes.

* AFP