A discussão levantada ao longo da pandemia sobre priorizar a economia ou os cuidados com a saúde repercutiu em Santa Catarina também nas urnas, mas sem opor as duas coisas. ​A votação ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições de 2022 se concentrou entre cidades do Estado mais ricas e com menor taxa de letalidade da Covid-19. Já os municípios pró-Lula (PT) têm, na média, uma população mais pobre e que sofreu até aqui com um maior percentual de mortes pelo coronavírus.

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Entre as 263 cidades em que Bolsonaro teve maioria de votos, a média do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, ou seja, do quanto o município gera de riqueza por pessoa, foi de R$ 37.225,74 no ano de 2019.

Já nas 32 cidades de maioria lulista, o valor esteve em R$ 27.792,44, também segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda entre os municípios pró-Lula no Estado, também é menor a taxa média de população ocupada (19,58%), ou seja, do percentual de pessoas que têm um trabalho considerando todas as que vivem no local, mesmo crianças e aposentados.

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No grupo mais favorável a Bolsonaro, por sua vez, o percentual médio é de 28,64%, também conforme dados do IBGE, mas de 2020, os mais recentes.

Se considerado um ranking das cidades, em vez de uma média, Bolsonaro é absoluto nas 25 de maior e nas cinco de menor PIB per capita. Já Lula aparece 13 vezes entre as 50 cidades mais pobres e só duas no top-50 das que têm maior ocupação.

As cidades mais bolsonaristas em Santa Catarina também registraram até aqui, na média, uma menor taxa de letalidade da Covid — ou seja, de óbitos para cada 100 casos da doença causada pelo coronavírus, conforme cálculos do governo estadual —, de 1,27%. Já as lulistas têm 1,59%, índice puxado pelo município de Calmon, no Meio-Oeste, que tem a maior letalidade no Estado (9,09%).

Há diversos estudos que indicam uma relação de causalidade entre a pobreza e os maiores impactos da Covid, já que pessoas e municípios com menos recursos conviveram com maior exposição ao vírus e menor acesso a serviços de saúde.

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A Covid-19 ainda apareceu na disputa catarinense entre Bolsonaro e Lula nos índices de vacinação contra a doença. Nos municípios lulistas, a média é de 71,71% da população já imunizada até com uma dose de reforço, enquanto, nos bolsonaristas, isso está em 61,97%.

Também nas cidades pró-Bolsonaro, 89,77% das pessoas tomaram ao menos a primeiro dose da vacina, índice que vai a 94,86% nos municípios mais favoráveis a Lula.

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