Em seu primeiro desfile de Sete de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) cercou-se de empresários e religiosos que apoiam seu governo e quebrou protocolos para se aproximar da população, numa tentativa de frear a queda em sua popularidade.
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Na manhã deste sábado (7), Bolsonaro chegou em carro aberto, vestiu boné e capacete de forças policiais, brincou com crianças e deixou o camarote para saudar a plateia de simpatizantes que acompanhava as comemorações do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios.
O presidente aproveitou a cerimônia para fazer um gesto público de apoio ao ministro Sergio Moro (Justiça), após ter causado constrangimento a ele ao sinalizar a troca no comando da Polícia Federal. Em outros lugares do país, como em São Paulo, no Rio e em Florianópolis, houve protestos com críticas a Bolsonaro e manifestantes vestidos de preto – em oposição ao verde e amarelo que o presidente pediu para ser usado.
Em Brasília, Bolsonaro chegou no Rolls-Royce presidencial, com a faixa presidencial no peito, e, assim como na posse, estava acompanhado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), seu filho, e de uma criança de 9 anos – que, com camisa da Seleção Brasileira, foi chamada por Bolsonaro no caminho que percorreu até a tribuna de honra.
A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e os filhos Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal, e Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), senador, já o aguardavam no local..
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Participaram ministros, embaixadores, os empresários Silvio Santos (SBT), Luciano Hang (Havan) e Marcelo de Carvalho (RedeTV) e pastores evangélicos, como Edir Macedo (Universal), dono da Record TV. Antes de chegar ao desfile, Bolsonaro tuitou uma foto ao lado de Silvio e Macedo.
Num momento em que Bolsonaro tem se indisposto com líderes de outros países, como o presidente da França, Emmanuel Macron, alegando intromissão internacional no Brasil por causa das queimadas na Amazônia, a parada em comemoração ao Dia da Independência teve como slogan "Vamos valorizar o que é nosso", mensagem espalhada em banners pelo local do desfile, e também em uma cartilha distribuída no local. No livreto havia uma mensagem sobre valorização do patriotismo, o Hino Nacional e a programação do evento.

— A independência de nada vale se não tivermos liberdade. Esta, por tantas e tantas vezes, ameaçada por brasileiros que não têm outro propósito a não ser o poder pelo poder. Então, a todos os brasileiros, e nós pedimos, conscientizem-se cada vez mais do que é este país, esta maravilha chamada Brasil, um país ímpar no mundo, que tem tudo para dar certo. E precisamos, sim, de cada um de vocês, para reconstruí-lo. E a liberdade estará em primeiro lugar — disse Bolsonaro em um vídeo divulgado pela assessoria de imprensa do governo.
Bolsonaro pretendia transformar o evento anual em uma demonstração de apoio público. O Planalto esperava reunir 20 mil pessoas. A Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal decidiram, neste ano, não divulgar a estimativa de público no desfile. Em comparação com a tribuna de honra do ano anterior, no último Dia da Independência do governo Michel Temer (MDB), o ato promovido por Bolsonaro estava muito mais cheio.
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Para a preparação da cerimônia, ele liberou mais recursos do que seu antecessor e convidou religiosos, empresários e militares simpáticos ao seu governo.
— Parabéns para o povo brasileiro por essa data. É a nossa independência, mas devemos também preservar a nossa liberdade. Parabéns ao povo brasileiro que parece que renasceu e voltou a comemorar essa data tão importante para todos nós — disse o presidente após o desfile.
Em determinado momento, Bolsonaro surpreendeu sua equipe e desceu da tribuna para cumprimentar a plateia que reagiu com gritos de "mito". Ele também foi até a banda de música dos Dragões da Independência e fez as vezes de maestro.
O presidente admitiu que se expôs e deixou a segurança preocupada, "mas é um pequeno risco que a gente corre que ajuda a despertar mais o sentimento patriótico do povo brasileiro", disse ele. Havia atiradores de elite no alto dos prédios dos ministérios próximos à tribuna.
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Hang e a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), atenderam ao pedido do presidente e foram nas cores da bandeira. O dono da Havan, com seu tradicional terno verde. A deputada, de vestido amarelo, assim como a primeira-dama.