Em meio à cobrança de parlamentares para que o governo federal cumpra a promessa de pagar emendas orçamentários para a votação da reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou no início da noite deste terça-feira (9) que a "relação do Legislativo com o Executivo é sempre de desconfiança".

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— Até porque esse governo, no início, gerou uma desconfiança na relação — afirmou após ser questionado se o lote extra oferecido pelo Palácio do Planalto aos deputados.

Em seguida, Maia disse, no entanto, acreditar que uma relação "mais harmônica entre os Poderes" está sendo construída.

— Acho que isso vai caminhar para o leito normal do rio e a gente vai construir daqui para frente uma relação mais harmônica entre os Poderes — frisou.

Apesar de o governo ter acelerado a liberação de emendas orçamentárias e oferecido um lote extra aos parlamentares, partidos ampliaram nesta terça a lista de exigências, atrasando o início da votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara.

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As siglas pressionam por um volume maior de empenho de emendas e também manifestam desconfiança de que o governo, passada a votação, vá descumprir a sua palavra. É normal, por exemplo, empenhos ficarem anos na gaveta e serem cancelados sem execução.

Com isso, a análise do texto, que é a prioridade legislativa de Jair Bolsonaro, corre o risco de não acontecer nesta terça – parte das siglas do centrão, inclusive, defendem que ela não ocorra nesta semana.

Apesar de na campanha ter adotado o discurso de que colocaria fim ao toma lá dá cá na relação com o Congresso, o governo ofereceu a cada parlamentar fiel um lote extra de R$ 20 milhões de emendas (em um total de mais de R$ 3 bilhões), que é o direcionamento de verbas do Orçamento para o reduto eleitoral dos parlamentares.

Além disso, acelerou o empenho – que é o registro oficial de que pretende executar aquele gasto – das emendas ordinárias, conforme mostrou a Folha de S.Paulo nesta terça: liberou quase R$ 1 bilhão na véspera da votação. Tudo isso não foi suficiente para obter até o momento o apoio mínimo de 60% dos deputados (308 dos 513 votos).

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Nesta terça, líderes do centrão se reuniram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em sua casa, local em que as principais negociações estavam sendo feitas. Há um racha nesse grupo: parte defende início imediato da votação e parte quer adiar.

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