O presidente Jair Bolsonaro voltou a comentar, nesta terça-feira (7), os atritos entre o escritor Olavo de Carvalho e a ala militar do governo. Um dia após afirmar que sua equipe deveria evitar discussões e tratar de temas "muito mais importantes" ao país, o presidente disse agora esperar que as desavenças sejam "uma página virada por ambas as partes".
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Em texto publicado nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que a obra do escritor contribuiu para que ele chegasse ao Planalto e que "seu trabalho contra a ideologia insana que matou milhões no mundo e retirou a liberdade de outras centenas é reconhecida". "Olavo, sozinho, rapidamente tornou-se um ícone", escreveu (leia abaixo).
As críticas de Olavo de Carvalho aos militares ganharam novo capítulo na segunda-feira, quando o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, respondeu aos ataques feitos pelo filósofo. Em uma publicação em rede social, o militar afirmou que o ideólogo é um "verdadeiro trótski de direita, não compreende que substituindo uma ideologia por outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas do Brasil".
Questionado sobre essa declaração, ainda na segunda-feira, Bolsonaro disse que respeita o general, mas que "não tem nada a ver" com ele. O presidente também negou que haja uma ala militar e outra de seguidores do ideólogo no governo.
— É um time só — finalizou.
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— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 7 de maio de 2019
Olavo x militares
Relação familiar
Bolsonaro conheceu Olavo de Carvalho a partir de seus filhos, que são admiradores do escritor. Em março, durante a viagem presidencial aos EUA, Bolsonaro, Eduardo e Olavo estiveram em um jantar na residência oficial do embaixador do Brasil em Washington
Indicações para o governo
Apontado como guru de Bolsonaro, Olavo foi responsável pela indicação de dois ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Vélez Rodríguez, demitido do MEC no início do mês
Conflitos com militares
Olavo tem feito críticas públicas à atuação dos militares no governo Bolsonaro, o que inclui o vice-presidente, Hamilton Mourão, e já pediu a seus ex-alunos que deixem o governo. A disputa entre olavistas e membros das Forças Armadas chegou a travar as atividades do MEC e culminou na demissão de Vélez
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Vídeo apagado
Em abril, um vídeo em que Olavo criticava os militares foi postado no canal oficial de Bolsonaro no YouTube, mas a publicação foi apagada. Um dia depois, Mourão disse que Olavo deveria se limitar à "função de astrólogo", e Bolsonaro afirmou que as críticas do escritor não contribuem com o governo
Redes sociais
No fim de semana de 04 e 05 de maio, Olavo xingou o general Santos Cruz ao criticar um comentário do militar sobre redes sociais. Ex-comandante das Forças Armadas, o general Villas Bôas saiu em defesa do chefe da Secretaria de Governo e fez reprimendas a Olavo, a quem chamou de "Trótski de direita"