No primeiro encontro durante a campanha ao Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficaram frente a frente nesta terça-feira (16), horas depois de trocarem críticas em palanques.

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Os adversários políticos participam na noite desta terça da cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Além de Lula, os ex-presidentes Michel Temer (MDB), José Sarney (MDB) e Dilma Rousseff também participaram da solenidade.

Os quatro ex-chefes do Executivo ficaram sentados nas cadeiras à frente da mesa principal do plenário da corte, onde estavam Bolsonaro e Moraes. Mais cedo, Lula e Bolsonaro participaram de agendas do primeiro dia de campanha.

Durante a manhã, o chefe do Executivo se encontrou com lideranças religiosas no Aeroclube de Juiz de Fora (MG). Bolsonaro não citou diretamente o oponente petista, mas disse que o país era “roubado pela esquerdalha” antes de seu governo.

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Já Lula afirmou que o presidente Bolsonaro está tentando manipular evangélicos e chamou o atual mandatário de “fariseu”, “presidente fajuto e genocida”.

— Se tem alguém que é possuído pelo demônio é esse Bolsonaro — disse o petista em seu primeiro ato de campanha, uma visita à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo.

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Na cerimônia de posse de Moraes, o presidente Bolsonaro ocupou uma das cadeiras na mesa principal do plenário da corte. Já o petista se sentou na fileira reservada a ex-presidentes, no mesmo espaço em que estavam os adversários políticos Michel Temer e Dilma Rousseff. Temer articulou o impeachment da petista e a substituiu no Palácio do Planalto. Dilma se refere ao emedebista como “golpista”.

No discurso, o novo presidente do TSE iniciou afirmando que a Justiça Eleitoral atua com transparência e honra sua história vocação de concretizar a democracia. 

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— Somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional — declarou. 

Sobre as urnas eletrônicas, Moraes disse que sempre haverá o aperfeiçoamento do sistema, fato que garante a divulgação do resultado no mesmo dia da votação.

— Os brasileiros e brasileiras teclaram com confiança o seu voto, aguardando a apuração, a proclamação do resultado no mesmo dia para segurança, tranquilidade e orgulho de nossas eleitores e eleitoras — disse.

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O ministro também afirmou que o exercício da democracia garante a possibilidade periódica do eleitor escolher seus representantes. 

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— Respeito às instituições é o único caminho de crescimento e fortalecimento da República, e a força da democracia como único regime político, onde todo poder emana do povo e deve ser exercido pelo bem do povo.

Disputa pela presidência da República 

Lula e Bolsonaro são líder e vice-líder, respectivamente, de intenções de voto em pesquisa Datafolha divulgada no último dia 28. Em discursos recentes, Lula também acusou Bolsonaro de genocida, enquanto o atual presidente, além de chamar o petista de ladrão, tem feito insinuações e repetido teorias sobre as urnas eletrônicas.

Além de passar a comandar a corte eleitoral, a relevância de Moraes nas semanas que antecedem o pleito aumenta ainda mais por ele ter nas mãos as relatorias de investigações no STF (Supremo Tribunal Federal) que atingem Bolsonaro e aliados. Entre eles, o inquérito das milícias digitais, tido como anteparo contra possíveis investidas golpistas de Bolsonaro.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, e os presidentes do STF, Luiz Fux, da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também integram a mesa principal na cerimônia. Os ministros da Economia, Paulo Guedes, da Casa Civil, Ciro Nogueira, das Comunicações, Fabio Faria, e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também participam, assim como o chefe da Defesa, Paulo Sérgio, que tem feito inúmeros questionamentos ao sistema de votação por meio de militares que integram a comissão de transparência eleitoral da corte.

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Guedes, crítico contumaz das políticas adotadas em gestões petistas, cumprimentou a todos os ex-presidentes presentes na cerimônia, incluindo Lula – principal adversário de Bolsonaro nas urnas, conforme as pesquisas de intenção de voto – e Dilma. O ex-presidente Lula se levantou para receber um breve aperto de mão do ministro, logo após Temer.

Em seguida, Guedes cumprimentou Sarney e, por fim, Dilma, que permaneceu sentada. O chefe da equipe econômica chegou a se curvar para dizer algumas palavras à petista, terminando o diálogo com um leve toque no braço da ex-presidente.

A presença de Bolsonaro e de integrantes do governo ocorre em meio às acusações feitas pelo presidente justamente em relação ao trabalho do TSE. O mandatário já fez inúmeras insinuações golpistas e já deu a entender que os magistrados da corte são petistas e pretendem eleger Lula nas eleições deste ano.

Ele costuma afirmar que a apuração dos votos ocorre em uma “sala secreta, o que já foi desmentido pelo tribunal, e que há chance de as urnas eletrônicas serem fraudadas para impor sua derrota no pleito deste ano.  

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* Reportagem de Mateus Vargas e Matheus Teixeira.
* Com informações da Agência Brasil.

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