Cristalizado o caráter plebiscitário das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro (PSL), com 28% no Datafolha, e Fernando Haddad (PT), com 22%, terão de colocar a estratégia da moderação em prática para construir o caminho ao Planalto.

Continua depois da publicidade

Os dois precisarão vender a imagem de que são mais equilibrados do que suas insanas militâncias. Os comandos de campanha do PSL e do PT sabem que para chegar ao Planalto não adianta falar apenas para os convertidos. A pesquisa deixa claro que o desafio de Bolsonaro é tentar encerrar a fatura no primeiro turno. Já a missão de Haddad é chegar ao segundo turno e atrair o centro.  

Haddad precisa convencer o mercado de que não colocará em prática nenhuma loucura fiscal, dessas defendidas por militantes petistas sem qualquer noção de equilíbrio das contas públicas. Bolsonaro está empenhado em afirmar que não representa uma ameaça à democracia. Admirador do coronel Carlos Alberto Ustra, reconhecido como torturador durante a ditadura militar, o deputado precisa constantemente explicar antigas declarações.

Colocar em dúvida, no entanto, o resultado das urnas só alimenta a impressão de que despreza a democracia. Líder nas pesquisas, virou vitrine. Como qualquer figura pública, já deveria estar acostumado com a liberdade de imprensa e com revelações de episódios do passado. É o caso da reportagem da revista Veja sobre a ex-mulher e a declaração de bens do candidato em 2006. 

Do outro lado, Haddad depende dos conselhos e dos votos de um líder que está preso por corrupção. Será questionado a respeito da capacidade de gerenciar um país sem a tutela do padrinho e sobre os casos de corrupção do PT. Fica a promessa de que trará de volta os tempos de crescimento econômico e capacidade de compra. A campanha de Haddad no Nordeste terá como foco único a fusão da imagem de Haddad a de Lula. Neste cenário, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), com 11% e 10%, elevarão ainda mais o tom na última semana antes do primeiro turno.

Continua depois da publicidade

 

Porteira aberta

A procuradora-geral da República, Raque Dodge, pediu que o STF arquive o pedido de liberdade do deputado João Rodrigues (PSD-SC) e mais oito pessoas que se basearam em decisão favorável ao ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) concedida pelo ministro Gilmar Mendes. Ele foi solto após recurso na ação que proibiu a condução coercitiva para depoimento. Para Dodge, a decisão a favor de Richa resultou em vários pedidos de liberdade de casos que vão de roubo à organização criminosa. 

 

Frase:

“O povo gosta do senhor, tenho falado com muita gente. O senhor tem o dever de enquadrar todo mundo e tomar as rédeas da campanha! Se tiver em condições de ir ao debate, tem que ir! Gases não podem parar um Chefe de Estado! Que brincadeira é essa?” – Janaina Paschoal, advogada, para o candidato Jair Bolsonaro ao pedir que ele tome as rédeas da campanha. Janaina foi cotada para ser a vice do capitão.

 

Leia também:

Opinião: Campanha de Geraldo Alckmin é estratégia suicida

Coronelismo atrapalha o desenvolvimento da Nação