O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta informou nesta quinta-feira (16) em rede social que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Pela conta pessoal do Twitter, Mandetta anunciou a decisão do presidente: "Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde". Bolsonaro convidou o oncologista Nelson Teich para assumir a pasta da Saúde.

Continua depois da publicidade

No início da semana, Mandetta admitiu a interlocutores que errou ao bater de frente com o presidente, e que por isso estaria com o cargo ameaçado mais uma vez. Na entrevista exibida domingo pelo Fantástico, da Rede Globo, ele disse que a população não sabia se ouvia o ministro ou o presidente.

Bolsonaro vinha fazendo críticas à maneira com que Mandetta conduzia a crise causada pelo novo coronavírus no país. O presidente é contra o isolamento social, conduta recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), praticada nos países com alta incidência da Covid-19 e apoiada por governadores e pelo Ministério da Saúde até o desligamento de Mandetta.

O presidente da República já havia criticado a conduta de Mandetta na quinta-feira (2), em entrevista à Rádio Jovem Pan, ao acusar o ministro de “falta de humildade”. Dias depois, sem citar nomes, Bolsonaro disse que "algumas pessoas" do governo "de repente viraram estrelas e falam pelos cotovelos" e disse não ter medo de “usar a caneta” contra eles.

Continua depois da publicidade

Questionado sobre as críticas de Bolsonaro e falas do presidente que contrariam a recomendação de isolamento social da OMS, Mandetta negou qualquer possibilidade de pedir demissão e disse que seguiria no cargo enquanto o presidente quisesse. Na sexta-feira (3), Mandetta disse que “médico não abandona o paciente” ao negar novamente a possibilidade de pedir demissão.

> Painel do Coronavírus: veja em mapas e gráficos a evolução dos casos em Santa Catarina

Bolsonaro também fez críticas a governadores que apoiaram o ministro Mandetta e o isolamento social, como o governador de São Paulo e adversário político de Bolsonaro, João Doria (PSDB), e o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL).

Apesar das críticas de Bolsonaro, pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (3) indicou que a postura do Ministério da Saúde diante da crise do novo coronavírus é aprovada por 76% dos entrevistados. Já a conduta do presidente durante a pandemia tem aprovação de apenas 33%, menos da metade do percentual de apoio a Mandetta.

> Quem é Nelson Teich, novo ministro da Saúde que vai comandar combate ao coronavírus

Nelson Teich é o novo ministro da Saúde

Após confirmar a demissão de Mandetta, o presidente Bolsonaro fez um pronunciamento, no Palácio do Planalto, para anunciar o novo ministro da Saúde, o médico oncologista Nelson Teich. O presidente falou sobre o alinhamento com o novo ministro e o desalinhamento com Mandetta.

Continua depois da publicidade

— Ao longo desse tempo, a separação cada vez mais se tornava uma realidade, mas nós não podemos tomar decisões de forma que o trabalho feito por ele até o momento fosse perdido. O que eu conversei ao longo desse tempo com o oncologista doutor Nelson, ao meu lado, foi fazer com que ele entendesse a situação como um todo, sem abandonar obviamente o principal interesse: a manutenção da vida. Sem esquecer que ao lado disso tínhamos outros problemas.

Leia também:

Após demissão, Mandetta reforça “vida, SUS e ciência” ao agradecer funcionários do Ministério da Saúde

Renato Igor: "Demissão de Mandetta não significa reduzir isolamento social

Em site especial, saiba tudo sobre o novo coronavírus