A segurança pública e a defesa da atividade dos policiais deram o tom do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal (ANPRF), no bairro Vargem Pequena, em Florianópolis, nesta quinta-feira (17).

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Sem tocar no assunto crise no PSL e a articulação para trocar a liderança do partido na Câmara dos Deputados, Bolsonaro valorizou a proposta de excludente de ilicitude, que é defendida pelo governo como forma de dar mais garantias aos agentes em caso de confronto no exercício da profissão.

— Lutamos para conseguir um excludente de ilicitude. Não é carta branca para matar, é carta branca para não morrer. O policial, ao enfrentar alguém armado, após o embate, o policial tem que ir para casa na certeza de que será condecorado e não processado — afirmou.

Essa foi a primeira visita de Bolsonaro à Capital catarinense como presidente da República. O governador Carlos Moisés da Silva o acompanhou.

Bolsonaro deixou o local sem dar entrevista coletiva e faria a live semanal nas redes sociais ainda na Academia da PRF.

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Em discurso no palco do evento, o presidente não mencionou a crise interna que vive o PSL, partido pelo qual foi eleito para a Presidência. A crise foi acentuada nesta quinta com a divulgação de áudio em que o deputado Delegado Waldir (GO), líder do partido na Câmara, foi gravado dizendo que vai implodir o governo de Bolsonaro.

Na hora dos cumprimentos, Bolsonaro citou apenas a deputada Caroline de Toni e o deputado Coronel Armando entre os parlamentares do PSL, chamando-os de “leais”. O presidente fez somente uma rápida menção ao que chamou de “minoria incansável” que aponta críticas ao governo.

— Não nos deixam em paz. Alguns de forma mesquinha buscam atingir o governo. Mas a grande parte quer o bem. Só que essa minoria é incansável. Isso é lamentável — afirmou.

O presidente fez flexões simultaneamente com os alunos da PRF de cima do palco e, ao final do discurso, desceu para cumprimentar alguns policiais.

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Bolsonaro desembarcou no aeroporto da Capital às 15h12min e chegou na ANPRF por volta das 16h08min desta quinta, escoltado por um grande comboio da PRF, Polícia Militar, com outras viaturas, vans, veículos oficiais e ambulância do Samu. Foi direto para o estande de tiro, onde praticou disparos junto com o ministro Sergio Moro.

A imprensa não teve acesso a essa parte da visita. Mas nas redes sociais o presidente divulgou imagens da chegada, em que cumprimentou eleitores, e da prática de tiro.

Pressão para convocação de mais aprovados

Alguns convidados exibiam bandeiras do Brasil e camisetas de apoio ao presidente e registravam tudo em fotos e vídeos para as redes sociais. Mas a maior parte dos presentes pertencia a corporações como PM e PRF.

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Um grupo de cerca de 30 pessoas de diversos Estados compareceu para pressionar o governo pela nomeação de mais 600 candidatos que foram aprovados no último concurso da PRF, realizado em fevereiro, mas que ainda não foram convocados. Eles vestiam camisetas amarelas.

— Existe um déficit alto (de agentes na PRF), que tende a crescer, e a convocação desse efetivo a mais ajudaria muito a fiscalização e a segurança — defendeu a candidata gaúcha Rafaela Cruz.

Na chegada, o presidente acenou para algumas pessoas que estavam na frente da Academia da PRF para manifestar apoio. É o caso da empresária Solange Barros Machado, de São José, que foi até o Norte da Ilha para ver de perto Bolsonaro.

Para ela, a postura do presidente desde a eleição é o que mais a faz apoiar o governo, mesmo em um momento de turbulência do presidente com o PSL.

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— A mim, isso (crise entre o presidente e o partido) não contamina. Para quem Bolsonaro é raiz, essas polêmicas não contaminam — apontou.

Carlos Moisés e presidente Bolsonaro
No palanque, governador de SC Carlos Moisés conversou com o presidente Bolsonaro (Foto: Tiago Ghizoni/Diário Catarinense)

Moro destaca redução da criminalidade

Antes do presidente, o ministro da Justiça e Cidadania, Sérgio Moro, também falou à turma de alunos da PRF. Citou números que apontam para a diminuição da criminalidade neste primeiro ano de governo, como uma redução de 20% em assassinatos, e defendeu o papel da PRF no combate ao crime.

— Hoje a PRF é muito mais que apenas a polícia encarregada de cuidar das rodovias. Ela tem papel importante já que as rodovias são muitas vezes usadas de forma indevida como artérias para o tráfico de drogas e armas. E a PRF vem fazendo um excelente trabalho na apreensão dessas drogas e armas — afirmou o ministro.

Bolsonaro assina medida provisória que acelera venda de bens obtidos com lucro de crimes
Bolsonaro assina medida provisória que acelera venda de bens obtidos com lucro de crimes (Foto: Tiago Ghizoni/Diário Catarinense)

Moro e Bolsonaro também assinaram uma Medida Provisória que acelera a venda de bens obtidos por meio do tráfico de drogas e armas apreendidos pela polícia, e que permite a destinação desses recursos a campanhas educativas e ao tratamento de dependentes químicos.

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Forte esquema de segurança

Bolsonaro chegou à Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sob uma chuva que persistiu até o presidente subir no palco. A primeira parada foi no novo estande de tiro da academia, onde efetuou disparos com armas da corporação.

Na academia, agentes da PRF, convidados e alunos aprovados no concurso da corporação aguardavam em fila o credenciamento para acessar o local do evento. Um forte esquema de segurança com viaturas da PRF e da PM cercou a área a ser visitada pelo presidente.

Veículos da PM também garantiram a segurança ao longo da SC-401, por onde passou o comboio com Bolsonaro. Dentro da Academia, estavam membros da PRF e da banda da PM.

Alguns poucos vestiam camisas com o nome do presidente da República.

Alunos em posição, enquanto aguardam chegada de Bolsonaro
Alunos em posição, enquanto aguardam chegada de Bolsonaro (Foto: Tiago Ghizoni/Diário Catarinense)

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