O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que “a Petrobras é um problema”. A frase foi dita em uma rodinha de líderes onde estava também Olaf Scholz, o social-democrata que deve se tornar primeiro-ministro da Alemanha, mas foi ignorado pelo presidente brasileiro.

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O líder turco foi o primeiro, entre os mais de 20 presentes, a ser abordado por Bolsonaro, logo depois de pegar um salgadinho e tirar a máscara, assim que entrou na antessala da reunião de cúpula do G20, em Roma.

— Me ajuda aí — disse ele ao tradutor, dirigindo-se ao grupo em que Erdogan conversava com Scholz. Avisado de que o presidente brasileiro gostaria de conversar com ele, Erdogan perguntou ao presidente como estava a situação no Brasil. Em resposta, ouviu várias informações falsas. 

— Tudo bem. A economia voltando bem forte — afirmou ele, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, embora o FMI aponte a economia brasileira como a que terá menor crescimento entre as do G20 neste ano.

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Segundo o órgão internacional, o Brasil é um dos países em que os estímulos usados pelo governo contra a crise provocada pela pandemia tiveram efeito negativo. O presidente emendou em seguida — A mídia, como sempre, atacando; estamos resistindo bem. Não é fácil ser chefe de Estado em qualquer lugar do mundo.

Bolsonaro aparece no centro da cidade de Roma caminhando ao lado de assessores, na foto, quase todos estão sem máscara, incluindo o presidente
Bolsonaro foi criticado pela mídia italiana por caminhar sem máscara em meio a multidão em Roma (Foto: Alan Santos/PR/Divulgação)

O presidente turco não concordou nem discordou, apenas mudou de assunto, dizendo que o Brasil “tem grandes recursos petrolíferos” e citando a Petrobras.

Em vez de aproveitar a deixa para elogiar a empresa brasileira, Bolsonaro optou pela crítica. — Petrobras é um problema. Mas estamos quebrando monopólios, com uma reação muito grande. Há pouco tempo era uma empresa de partido político. Mudamos isso — afirmou. Erdogan mais uma vez sai pela tangente.

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— E quando é a eleição? — O presidente responde que é daqui a 11 meses e seu correspondente turco acrescenta: — Significa que o senhor tem bastante coisa ainda para fazer.

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Bolsonaro afirma então que tem “um apoio popular muito grande”, embora a pesquisa Datafolha mais recente mostre que mais da metade (53%) dos brasileiros o reprova, o maior índice desde que ele tomou posse, em 2019.

O presidente brasileiro acrescentou ainda que tem “uma boa equipe de ministros”.

— Não aceitei indicação de ninguém. Foi eu que botei todo mundo. Prestigiei as Forças Armadas. Um terço dos ministros [é de] militares profissionais. Não é fácil. Fazer as coisas certas é mais difícil.

Durante os cerca de dois minutos de conversa, Bolsonaro não fez nenhuma pergunta sobre a Turquia a Erdogan. Também não dirigiu nenhuma palavra a Scholz, que depois de algum tempo virou de costas e passou a conversar com Boris Johnson.

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A conversa entre os dois presidentes foi filmada pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, que havia sido o indicado para cobrir a chegada dos líderes em um esquema de “pool”, no qual, quando há restrições do número de pessoas, um repórter faz a cobertura sob compromisso de compartilhá-la com os outros credenciados para o evento.

Após o diálogo, porém, o jornalista foi retirado por seguranças, por estar numa área fechada à mídia. Depois de falar com Erdogan, o brasileiro trocou frases com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e o presidente da Argentina, Alberto Fernández.

Críticas vêm em meio a problemas na Petrobras

As críticas à Petrobras vêm um dia depois de as ações da petroleira despencarem (5,90% as preferenciais e 6,49% as ordinárias), justamente por causa de críticas feitas por Bolsonaro, na quinta, ao lucro da estatal.

Sofrendo impactos do aumento de preços dos combustíveis em sua popularidade, o presidente disse que a estatal “tem que ser uma empresa que dê um lucro não muito alto como tem dado”, no terceiro terceiro trimestre de 2021, os ganhos foram de R$ 31,1 bilhões.

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Erdogan, 67, integra setores conservadores e da militância islamita e foi prefeito de Istambul, a principal cidade turca, de 1994 a 1998. Em 2001, fundou o seu AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento).

O político se tornou primeiro-ministro em 2003 e renovou o mandato em 2007. Em 2014, foi eleito presidente da República e reeleito em 2018, adotando medidas autocráticas.

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