O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou, em depoimento à Polícia Federal, ter conversado pessoalmente com ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes para que ele tratasse junto ao tenente-coronel Mauro Cid, seu ajudante de ordens, da questão das joias enviadas pela Arábia Saudita que acabaram retidas junto a uma comitiva presidencial no aeroporto de Guarulhos em outubro de 2021.
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A informação foi revelada pela TV Globo, que obteve a íntegra do depoimento do ex-presidente, realizado no último dia 5, em Brasília. Integrantes de uma comitiva de Bolsonaro que esteve na Arábia Saudita em 2021 tentaram entrar ilegalmente no Brasil com as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, para serem entregues a Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O caso havia sido anteriormente revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo.
“O declarante [Bolsonaro] solicitou ao ajudante de ordens, coronel Cid, que obtivesse informações a cerca de tais fatos; que o ajudante de ordens oficiou a Receita Federal para obter informações; que neste interim o declarante estabeleceu contato com o então chefe da Receita Federal, Júlio, cujo sobrenome não se recorda, e salvo engano, determinou que estabelecesse contato direto com o ajudante de ordem; que as conversas foram pessoalmente, pelo o que se recorda”, aponta o depoimento.
À PF, Bolsonaro disse, ainda segundo a TV Globo, que soube das joias entre novembro e dezembro do ano passado, por alguma pessoa que não se recorda quem seja, mas que pode ter ligação com o Ministério de Minas e Energia (MME). Os presentes retidos em Guarulhos foram achados justamente na mochila de um militar assessor do então ministro da pasta, Bento Albuquerque, que tentou entrar com o material no Brasil sem declará-lo à Receita Federal.
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Bolsonaro também afirmou à PF que nunca tratou do caso com Albuquerque, já fora do ministério à época em que teria tido ciência das joias. Disse ainda não saber por qual razão seu ex-ajudante e o então chefe da Receita Federal se apressaram para tentar recuperar as joias da alfândega antes de 29 de dezembro do ano passado,
No entanto, Bolsonaro ponderou que ele próprio tentava resolver o caso antes de sua viagem aos Estados Unidos para evitar deixar pendências ao próximo governo e também o que chamou de “vexame diplomático”, no caso dos presentes dos sauditas irem a leilão.
Além dos dois pacotes de jois retidos no aeroporto, Bolsonaro chegou a ficar com uma terceira caixa de joias, avaliadas em R$ 500 mil e que já foram devolvidas por sua defesa. O caso também foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo. À PF, o ex-presidente afirmou não ter ficado pessoalmente com os presentes, uma vez que seu acervo pessoal de presentes estava em um galpão do ex-piloto Nelson Piquet.
Bolsonaro afirmou ainda, também no depoimento, que não decidia sobre a classificação dos presentes, se seriam de acervo público (ou seja, do Estado brasileiro), ou privado de interesse público (podendo ficar com ele próprio e também Michelle).
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