O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já chegou à Polícia Federal para ser interrogado sobre o caso das joias da Arábia Saudita.
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Conduzirão a oitiva o delegado Adalto Machado, responsável pelo inquérito na PF de São Paulo, e outro da Diretoria de Inteligência Policial (DIP), setor que fica no prédio central da corporação, em Brasília.
Machado tem conduzido o caso desde a instauração do inquérito na Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da PF paulista.
Ele é respeitado dentro da corporação e já conduziu investigações complexas de lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos.
Uma das maiores conduzidas por ele foi a Descarte, cuja primeira fase foi deflagrada em 2018 como um desdobramento da Operação Lava Jato em São Paulo.
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A partir de transações suspeitas com o grupo do doleiro Alberto Yousseff, a PF chegou em um amplo esquema de lavagem de dinheiro por meio de uma rede de empresas de fachada utilizadas na emissão de notas frias.
Entre outras operações fraudulentas, as empresas alvos da investigação eram coordenadas por operadores que forneciam dinheiro em espécie para pagamentos de agentes públicos esquentados em contratos de empresas de fachada.
O grupo, conclui a operação, era especialistas em “arquitetar sofisticados esquemas para sonegação tributária, crimes financeiros e lavagem de dinheiro”.
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A investigação teve vários desdobramentos e apontou para indícios de crimes em contratos envolvendo empresas contratadas por vários entes públicos.
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O delegado também atuou em casos relacionados diretamente com a Lava Jato, alguns derivados do acordo de colaboração premiada de executivos da Odebrecht que ficaram na PF da capital paulista.
Machado ouvirá Bolsonaro, o coronel Mauro Cid e outras pessoas para avançar na apuração sobre as joias recebidas em outubro de 2021 pela comitiva liderada pelo então ministro Bento Albuquerque.
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O grupo trouxe dois estojos de joias. Um deles foi apreendido pela Receita Federal durante inspeção no aeroporto de Guarulhos, por isso a apuração estar em São Paulo.
Um militar que assessorava o então ministro de Minas e Energia tentou entrar no país com artigos de luxo na mochila. Como não tinham sido declarados, os bens foram apreendidos pela Receita Federal –o caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
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Como mostrou a Folha de S.Paulo, o ex-mandatário chegou a discutir o assunto com o então chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes em dezembro passado.
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Um segundo pacote, que inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos também da marca suíça de diamantes Chopard e depois entregues a Bolsonaro, não foi interceptado pela Receita, como mostrou a Folha de S.Paulo.
Um recibo oficial registrou a entrega desse segundo conjunto à Presidência em novembro de 2022, para compor o acervo pessoal do ex-presidente.
O ex-ministro relatou em depoimento que o segundo estojo entrou com ele no país antes de ser entregue à Presidência.
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Em um primeiro momento, Bolsonaro disse não ter pedido nem recebido qualquer tipo de presente em joias do governo da Arábia Saudita.
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Na quinta-feira (30), ao retornar para o Brasil após 89 dias nos Estados Unidos, Bolsonaro confirmou ter recebido as joias e atrelou o presente a relação de amizade que construi com o governo da Arábia Saudita.
Ele também confirmou que parte dos presentes era para a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a tentativa no final do mandato para reaver as joias em Guarulhos.
— Entregamos ali o primeiro conjunto que chegou na Presidência. Cadastrei. E, tentando recuperar o outro conjunto da Michelle, foi via ofício, não foi na mão grande. Não sei por que essa onda toda. Se estão achando isso como algo que eu fiz errado eu fico até feliz, não tem do que me acusar — afirmou.
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*Reportagem por Fabio Serapião
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