O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de conspirar para tirá-lo do Palácio do Planalto e qualificou como péssima a atuação do deputado.
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– Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que esteja equivocado – disse Bolsonaro ao comentar a aprovação pela Câmara de um projeto de socorro aos Estados.
A proposta determina que a União irá transferir R$ 80 bilhões, segundo cálculos de líderes partidários, por seis meses, como forma de compensação pelas perdas de ICMS (imposto estadual) e ISS (municipal) diante da crise econômica.
– Isso não se faz com o Brasil. Eu lamento. Isso é falta de patriotismo, de coração verde e amarelo, de humanismo. Isso é quase que conspirar contra o governo federal. Eu lamento, mas esta não é a forma de se fazer política no Brasil – afirmou Bolsonaro.
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O chefe do Executivo disse ainda que as medidas adotadas por Maia são escandalosas.
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– Lamento muito a posição do Rodrigo Maia, que resolveu assumir o papel do Executivo – disse em entrevista à CNN Brasil. – Ele tem que me respeitar como chefe do Executivo. Qual o objetivo do senhor Rodrigo Maia? Resolver o problema ou atacar o presidente da República? O sentimento que eu tenho é que ele não quer amenizar os problemas. Ele quer atacar o governo federal, enfiar a faca – disse Bolsonaro.
O presidente da República reclamou de falta de diálogo da parte de Maia e afirmou que o presidente da Câmara "está conduzindo o país para o caos".
– Ele sabe que está errada a posição dele. Péssima a sua atuação.
Bolsonaro insinuou outros interesses da parte de Maia, mas não detalhou.
– A gente sabe seu tipo de diálogo. Este diálogo não vai ter comigo.
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Maia responde acusações de Bolsonaro
Pouco depois, Rodrigo Maia rebateu as acusações, também em entrevista à CNN Brasil. O deputado afirmou que Bolsonaro usou "um velho truque da política" de trocar a pauta para tentar desviar a atenção da demissão de Mandetta. Ele disse ainda que busca evitar que se repita no Brasil o mesmo que está acontecendo nos Estados Unidos, na Espanha e na França, onde o número de mortos pela Covid-19 subiu muito nas últimas semanas.
– Independente de questões políticas, nunca deixei de dialogar com quadros técnicos de ninguém. Agora, também não podemos aceitar que apenas uma visão de Brasil sobre a crise prevaleça. O que prevalece é o diálogo – afirmou Maia.
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O presidente da Câmara também afirmou que o governo potiliza as decisões do Legislativo, mesmo as que favorecem o Executivo, mas descartou retaliações.
– Não há nenhuma intenção da Câmara de prejudicar o governo, de enfrentar o governo. Queremos sentar na mesa com urgência com pautas preestabelecidas. O presidente não vai ter de mim ataques. Ele pode atacar, ele joga pedra e o Parlamento vai jogar flores para o governo federal.
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