Um vídeo de Allan Santos, blogueiro foragido da Justiça, anunciando uma informação falsa de que as redes sociais WhatsApp e Telegram seriam derrubadas está causando uma migração de usuários para o site Clouthub. Na gravação, ele afirma sem provas que as redes serão tiradas do ar, mas isso não ocorrerá com o CloutHub pois o “dono” garantiu para ele. 

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Allan Santos era responsável pelo site Terça Livre e é investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), por publicar notícias falsas e financiar atos antidemocráticos. Ele admitiu em live que deixou o Brasil em julho de 2020, após ser alvo de mandados de prisão preventiva.

A mensagem alarmista surge no mesmo momento em que grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizam as redes sociais para pedir uma nova eleição e “intervenção militar”, após Lula (PT) vencer nas urnas no domingo (30). 

Ainda na sexta-feira (28), antes das Eleições, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), pediu que o Telegram removesse dois grupos de apoiadores de Bolsonaro que continham ameaças de morte ou violência contra o ministro, citavam a destruição de urnas eletrônicas, suspeitavam do processo eleitoral, e compartilhavam ofensas a eleitores da Bahia, agressões a cientistas políticos e policiais federais, entre outros temas. 

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Com receio de que outros grupos sejam banidos por não cumprirem as regras das plataformas, apoiadores de Bolsonaro estão migrando para o CloutHub, rede social que parece uma mistura de Facebook e Twitter, mas com políticas mais brandas de moderação de conteúdo. 

O CloutHub se autodenomina como “a plataforma do povo”, como uma rede social imparcial para quem quer tratar de “questões cívicas, sociais e políticas significativas, causas e campanhas”. A busca pelo aplicativo teve um aumento repentino no Google após a divulgação dos resultados das Eleições de 2022.

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No CloutHub, novos grupos estão sendo criados, com o intuito de divulgar locais e horários para manifestações contra a eleição de Lula. Veja uma mensagem compartilhada nesta terça-feira (1º) em um dos grupos, que conta com 1925 membros e mais de 745 publicações.

Print Grupo
Grupo se apresenta a favor dos caminhoneiros e das manifestações (Foto: Reprodução)

Ao criar uma conta nova, uma mensagem direcionada aos brasileiros alerta sobre as inúmeras tentativas de cadastro de novos usuários e os esforços da plataforma em melhorar a própria estrutura para atender a todos. Dentro da rede social, as hashtags #b22 e e #vote22 estavam entre os “trendings”, como um dos assuntos mais comentados.

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“A todos os nossos amigos do Brasil, nós os apoiamos e damos as boas-vindas a vocês. Estamos recebendo muitas pessoas tentando se cadastrar e estamos trabalhando para aumentar a capacidade, para você conseguir participar”, diz a mensagem, traduzida do  inglês
“A todos os nossos amigos do Brasil, nós os apoiamos e damos as boas-vindas a vocês. Estamos recebendo muitas pessoas tentando se cadastrar e estamos trabalhando para aumentar a capacidade, para você conseguir participar”, diz a mensagem, traduzida do inglês (Foto: Reprodução)

Um movimento semelhante ocorreu nas redes sociais em 2021, quando Donald Trump foi banido do Twitter e do Facebook, após perder as eleições presidenciais nos Estados Unidos e apoiar as invasões ao Capitólio. O ex-presidente chegou a participar da criação de uma nova rede social, a Truth Social, que conta com 2 milhões de usuários ativos, de acordo com publicação da Forbes de abril de 2022.

Após os falsos avisos de que o Facebook e Telegram sairão do ar, as buscas pelo aplicativo “Signal”, de mensagens de texto criptografadas, também aumentaram. O pico foi registrado na madrugada desta terça-feira (1º). O aplicativo tem foco na privacidade e se apresenta com o slogan “fale com liberdade”. 

Buscas pelo aplicativo de mensagens
Buscas pelo aplicativo de mensagens “Signal” aumentaram após o início dos bloqueios nas estradas e das manifestações contra a vitória de Lula nas Eleições (Foto: Google Trends)

Essa migração pontual é descrita como um “movimento de guerrilha midiática” por Moisés Cardoso, doutor em Comunicação e Linguagens. Como os usuários não querem perder as fontes de informações que orientam as movimentações e atuação do grupo, acabam aderindo à nova rede. 

Porém, após o momento conturbado, há uma série de fatores que a rede social precisa apresentar para manter o usuário definitivamente nela. Entre eles estão: a usabilidade da rede, a qualidade das funções que ela oferece e, principalmente, se o círculo social daquele usuário, como os amigos e familiares, também está inserido.

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— Às vezes, apenas os usuários mais engajados acessam esses ambientes, para se inteirar de algo e depois reverberam as informações, obtidas ali dentro, nas demais redes sociais para dar visibilidade a uma informação. Esses ambientes também podem continuar sendo acessados, por um número, menor de pessoas, como se fosse um “plano b” em caso de possíveis restrições do judiciário ou das próprias plataformas que tiram conteúdo do ar por considerarem ilegais — explica Cardoso.

Veja o vídeo de Allan Santos 

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