O ano de formatura é importante para qualquer estudante, em qualquer curso. Para os alunos da Escola Bolshoi Brasil, sediada em Joinville, a expectativa era ainda mais emocionante: eles passaram por seleções rigorosas em uma idade em que ainda estavam perdendo os dentes de leite; deixaram a cidade natal e, muitas vezes, a família toda para trás e passaram oito anos dedicando a maior parte das horas em que não estavam na escola tradicional lutando para evoluir e chegar ao último ano da única filial do prestigiado teatro fora da Rússia.
Continua depois da publicidade
> Quer receber notícias de Joinville e Norte de SC por WhatsApp? Clique aqui
— Valeu cada gota de suor — comenta Gustavo Ferreira, 19 anos, o único joinvilense da turma de formandos.
Como ocorre tradicionalmente, os alunos realizarão dois espetáculos especiais antes de colarem grau e receberem o diploma do curso técnico em dança. No entanto, neste ano, não haverá aplausos, ovação nem buquês de flores levados por pais orgulhosos até o palco ao fim das apresentações de seus filhos. O Teatro Juarez Machado, de Joinville, estará com a plateia quase vazia, contando apenas com a presença da equipe técnica e de alguns profissionais da escola.
Câmeras estarão posicionadas para registrar os espetáculos e transmiti-los em tempo real. É um ponto positivo entre um ano de privações: pela primeira vez, o mundo inteiro poderá assistir aos formandos do Bolshoi Brasil, já que estas apresentações sempre foram fechadas para os familiares e seus convidados.
Continua depois da publicidade
— Eu falava para minha família inteira, desde que entrei no Bolshoi, que eles teriam que vir na minha apresentação de formatura. Dizia: “vocês têm oito anos para se preparar para ir a Joinville, quero todos lá”. É algo pelo qual esperamos desde que somos crianças e assistimos os mais velhos em suas formaturas — conta Maria Vitória Cesco, 19 anos, que deixou Presidente Prudente em 2012 para estudar na Escola Bolshoi.

Dançar tendo as câmeras como público principal não será novidade para estes jovens. Eles entraram em 2020 cheios de sonhos: eram os alunos mais velhos no ano em que a instituição completava 20 anos. Começaram o ano letivo em janeiro para ensaiar para espetáculos no Femusc, naquele mesmo mês, e para o aniversário do Bolshoi, em março, nos quais desempenhariam alguns dos papeis mais importantes.
Pandemia no ano mais importante da formação
Quando as cortinas foram fechadas após “O Quebra-nozes” e “Don Quixote”, todos os alunos foram dispensados das atividades escolares: a pandemia havia chegado a Santa Catarina e as aulas presenciais foram proibidas. Começava ali um novo desafio: adaptar o ano mais importante da vida destes 22 jovens para vivê-lo à distância.
— Eu precisava fazer as aulas por vídeo no meu quarto, mas não tinha muito espaço e não dava pra realizar todos os movimentos. Para me ajudar, meu pai construiu uma barra de ferro sobre um suporte de madeira — recorda Gustavo.
Continua depois da publicidade

Maria Vitória também enfrentou dificuldades. Os formandos só tiveram autorização para voltar às salas de aulas no segundo semestre, com turmas reduzidas e máscaras no rosto.
— O piso de azulejo em casa não é próprio para as aulas de balé, e não podíamos trabalhar as pontas porque, nessas condições, corríamos o risco de nos machucar. Mas acho que ajudou a amadurecer. Tivemos que trabalhar sozinhos, correr atrás, em uma experiência de como será nossa vida a partir do momento que deixamos a escola — analisou ela.
Os formandos são oriundos de 12 estados brasileiros: além de Santa Catarina, há alunos da Bahia, do Mato Grosso do Sul, do Rio de Janeiro, do Pará, de Pernambuco, do Piauí, do Rio Grande do Sul, do Rio Grande do Norte e de São Paulo. Há ainda uma aluna da Argentina.
As apresentações acontecem nesta sexta-feira (11) e e sábado (12), às 19 horas, com transmissão ao vivo e aberta ao público, pelo canal do YouTube Escola Bolshoi Brasil. Já a colação de grau acontece no dia 13, às 10h30, em transmissão exclusiva para convidados dos formandos.
Continua depois da publicidade