As bolsas asiáticas afundaram nesta segunda-feira, preocupadas com a desaceleração da economia chinesa, apesar dos esforços das autoridades para tentar tranquilizar os investidores.
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Xangai liderou a queda. O índice composto da Bolsa chinesa caiu 8,49%, a 3.209,91 pontos, depois de perder 9% durante a sessão.
A Bolsa de Shenzhen, a segunda maior da China, registrou queda de 7,70%, a 1.882,46 pontos.
Tóquio registrou baixa de 4,61%. O índice Nikkei perdeu 895,15 pontos, a 18.540,68 unidades.
A Bolsa de Sydney perdeu 4,09%, o menor nível em dois anos. O índice S&P/ASX200 cedeu 213,3 pontos, a 5,001.3 unidades.
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Taiwan perdeu 4,84% e Seul 2,47%. Hong Kong perdeu mais de 5%.
A onda de contágio atingiu a Europa. As Bolsas de Londres, Frankfurt, Paris, Madri e Milão operavam em baixas significativas no início da sessão.
As matérias primas não ficaram para trás: o petróleo caiu abaixo dos 40 dólares, seu nível mais baixo em seis anos.
Diante da queda dos mercados mundiais, no mercado da dívida os investidores penalizavam os países do sul da zona do euro, que viam o aumento das taxas de juros que pagam no mercado secundário para se endividar.
Já as da Alemanha, convertida em valor refúgio em tempos de incerteza, se estabilizavam, enquanto no caso da dívida americana as taxas do bônus a 10 anos caíam abaixo de 2%.
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Os investidores se preocupam com a conjuntura mundial em geral, no início de uma semana rica em publicações de indicadores nos Estados Unidos e na Europa, e em particular na China.
Os indicadores decepcionantes se sucedem e cresce a desconfiança geral: o índice PMI sobre a atividade industrial de referência na segunda economia mundial, publicado na sexta-feira, aponta uma drástica contração da atividade manufatureira em agosto.
“Hoje temos todos os ingredientes para presenciar nos mercados o pior dia em cinco anos”, comentou Evan Lucas, corredor do IG Markets.
“A reação dos mercados asiáticos reflete o sentimento dos investidores e sua convicção de que uma queda brutal (da economia chinesa) é inevitável”, acrescentou.
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Pequim não convence
A surpreendente desvalorização do iuane no dia 11 de agosto – encarada como uma tentativa desesperada das autoridades chinesas de impulsionar suas exportações e sua atividade econômica – só aumentou a inquietação geral, provocando uma onda de impactos nos mercados.
Desde então, desapareceram ao menos o equivalente a 5 bilhões de dólares em valor das Bolsas mundiais.
Com um espírito tranquilizador, a China anunciou no domingo que o gigantesco fundo de pensões nacional investirá nas bolsas.
O fundo de pensões poderá investir até 30% de seus ativos líquidos em ações. Anteriormente, só podia investir em bônus do Tesouro e depósitos bancários.
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A medida, que pode levar a compras maciças de títulos pelo fundo de pensões, não parecia tranquilizar os investidores chineses, em sua imensa maioria particulares e pequenos portadores.
“Levará muito tempo até que cheguem as intervenções do fundo de pensões, e as valorizações continuam sendo muito altas, nem mesmo o fundo poderia fazer nada neste momento”, comentou Qian Qimin, analista do corretor Shenwan Hongyuan.
De fato, persistem os temores de uma bolha: antes de afundar, em meados de julho, a bolsa de Xangai havia ganhado 150% no período de um ano, impulsionada pelo endividamento e de maneira totalmente desconectada da economia real.
“O mercado ainda vai afundar mais. Seria o lógico, já que os mercados da bolsa de todo o mundo caem ao mesmo tempo”, acrescentava Qian Qimin.
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“A economia está muito mal, certos setores estão supervalorizados e as pressões à venda em todos os mercados mundiais contribuem para baixar a moral das praças chinesas”, resumia Wu Kan, gerente do fundo JK Life Insurance em Xangai, citado pela agência Bloomberg.
* AFP