O presidente boliviano, Evo Morales, promulgou nesta quarta-feira uma lei controversa que amplia a superfície de cultivo de coca no país, em meio a uma divisão entre sindicatos cocaleiros, sua principal base eleitoral, e resistências da oposição.
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“Estamos aqui orgulhosos e honrados de promulgar a lei geral da coca” com a qual “queremos garantir coca para sempre”, disse Morales em uma cerimônia no Palácio Quemado.
“É o momento de enterrar a lei 1008 (vigente desde 1988), que buscava ter zero de coca na Bolívia”, acrescentou.
A nova norma, aprovada pelo Congresso em 24 de fevereiro, reconhece um total de 22.000 hectares de coca.
Assim, a Bolívia terá 14.300 hectares de coca na região dos vales subandinos dos Yungas e 7.700 na região de Chapare, no centro do país.
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Segundo a oposição, “relatórios de instituições como a União Europeia e a ONU indicam que 90% da coca do Chapare vai para o narcotráfico, e querem legalizar isso”, lamentou dias antes o ex-presidente Jorge Quiroga.
O líder dos cocaleiros dos Yungas de La Paz, Franklin Gutiérrez, que não compareceu ao ato de promulgação, afirmou que a folha de coca do Chapare “não se destina ao mercado tradicional”.
Morales rebateu as críticas, afirmando que a Bolívia não é “da cultura da cocaína” e que sua “cultura da coca é milenar”.
Um estudo do governo de 2013, financiado pela União Europeia, afirma que a demanda legal da coca, para infusões, mascar e rituais religiosos, é de apenas 14.700 hectares.
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A Bolívia é o terceiro produtor mundial de coca e cocaína, segundo dados das Nações Unidas, depois da Colômbia e do Peru.
* AFP