Com a votação encerrada, as pesquisas indicam que o socialista François Hollande e Nicolas Sarkozy devem se enfrentar no segundo turno da eleição presidencial na França, em 6 de maio. Hollande teria entre 28 e 29,3% dos votos e Nicolas Sarkozy, de 25,5 e 27%.
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A candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, chega em terceiro lugar, com surpreendentes 20% dos votos, segundo as estimativas, seguida pelo representante da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon (10,8 e 11,7%) e o centrista François Bayrou (menos de 10%).
O comparecimento dos franceses às urnas ficou acima do esperado, num primeiro turno dominado pela crise econômica. A taxa de participação chegou a mais de 80%, segundo estimativas dos institutos de pesquisa, uma taxa muito elevada, apesar de menor que em 2007 (83,77%). Essas cifras dissipam a preocupação com uma grande abstenção, expressada durante uma campanha que pouco apaixonou os franceses. Em duas semanas, os eleitores vão escolher quem será o presidente nos próximos cinco anos de uma das principais economias mundiais, potência nuclear e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com um poder pessoal como poucos no mundo democrático. Considerado há meses vencedor no segundo turno, com 55% dos votos em média, François Hollande, 57 anos, está em posição de força para se tornar o primeiro presidente de esquerda desde François Mitterrand (1981-1995). Continua depois da publicidade Com pouca experiência em cargos de peso, este homem que passa a imagem de sobriedade deverá poder contar no segundo turno com os votos dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon e da ecologista Eva Joly. – Escolher o próximo presidente não é uma eleição nacional, é uma eleição que vai pesar em toda a Europa -, declarou Hollande na manhã deste domingo. Ele pretende renegociar o tratado sobre o orçamento assinado no início de março, se eleito. Atrás dos dois está a candidata de extrema-direita Marine Le Pen que pode obter mais de 20% dos votos, percentual que dá a ela uma grande importância no segundo turno e que a habilita como forte figura política para os próximos anos. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, chegou ao segundo turno, em 2002. O representante da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, recolhe os frutos de uma boa campanha, mas não conseguiu o terceiro lugar que sonhava. Quanto ao líder centrista François Bayrou, este deverá se contentar com um percentual inferior a 10%, longe dos 18,57% de 2007. Continua depois da publicidade A crise na zona do euro esteve presente na campanha, através da explosão de déficits, da taxa de desemprego (mais de 10% da população economicamente ativa), da questão do protecionismo europeu e da justiça fiscal. – Nunca deixei de votar mas, desta vez, sinto muito pouco entusiasmo. No plano econômico, há pouca diferença entre os dois candidatos -, comentava em Paris uma eleitora de 62 anos, Isabelle Provost. Foi neste contexto que François Hollande traçou sua estratégia metodicamente, sem levantar a multidão, mas destacando suas prioridades – o emprego dos jovens e o crescimento. O ex-líder do Partido Socialista (1997-2008) conseguiu fazer esquecer sua falta de experiência no governo, transformando a eleição num referendo contra Sarkozy, mergulhado em recordes de impopularidade. Continua depois da publicidade