A boate Kiss funcionou de maneira irregular meio ano e foi multada seis vezes. Inaugurada de maneira ilegal em 31 de julho de 2009 _ sem o alvará de localização _, a casa noturna foi multada seis vezes nos meses seguintes pela prefeitura de Santa Maria, totalizando R$ 15 mil. Quatro meses depois de abrir ao público, em um documento de quatro páginas, foi redigido o embargo total, ou seja, a paralisação das atividades, ao estabelecimento, mas que teria durado cinco dias.

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Só no ano seguinte, no dia 14 de abril, a Kiss foi legalizada após receber o alvará de localização. Depois desse histórico, em 27 de janeiro, um incêndio matou 239 pessoas, a maioria jovens, tornando a Kiss um símbolo de tragédia mundo afora.

_ Começamos a funcionar sem os alvarás porque já havíamos encaminhado a papelada. E tínhamos gastado muito dinheiro na construção da casa _ informou Alexandre Silva da Costa, um dos sócios da Kiss na época, ao lado de Tiago Muti e de Eliseu Spohr, pai do Elissandro Spohr, o Kiko.

Costa recordou que o pagamento das multas foi negociado com a prefeitura. Ainda restam R$ 6 mil a serem pagos. Ele disse desconhecer o embargo. No ano seguinte, Costa e os seus dois outros sócios venderam a Kiss para Kiko e Mauro Hoffmann, que estão presos. Anny Desconzi, procuradora-geral do município, disse que desconhece a existência do embargo da Kiss. Mas lembrou que ele é um recurso legal que a prefeitura usa para dar um prazo ao estabelecimento de se legalizar.

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O embargo teria sido redigido, confirmou uma fonte para Zero Hora.

Ele teria sido assinado em 15 de novembro de 2009 pelo então secretário de Controle e Mobilidade Urbana, Sérgio Medeiros. Procurado por ZH, o ex-secretário foi sucinto.

_ Já falei à polícia o que sabia.

Abrir a casa antes da papelada seria rotina

As multas e o embargo vieram à tona há pouco tempo. Embora, na opinião de um servidor público que preferiu não se identificar, o episódio mostre que a prefeitura agiu perante uma situação ilegal, o fato acendeu um alerta entre as autoridades municipais sobre a existência de “um amigo da Kiss” na máquina administrativa.

ZH falou com vários proprietários de casas noturnas em Santa Maria que confirmaram ser uma rotina abrir a casa antes de completar o trâmite da papelada, uma prática que, por sinal, não é exclusividade do município.

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