O relato de um suposto estupro dentro da filial da casa noturna Beco 203 em São Paulo gerou revolta em frequentadores da boate no último fim de semana. No sábado, o Beco publicou uma nota oficial em sua página no Facebook em que garante que a violência “não existiu e foi prontamente negada e registrada em juízo por todas as partes envolvidas”. Nesta terça, outra nota foi publicada: “a confusão começou quando a cliente perdeu a comanda da casa e ficou bem preocupada”, diz o texto. Desde o fim de semana, entretanto, uma campanha de boicote à casa ganhou as redes sociais com a hashtag #boicoteaobeco.

https://www.facebook.com/BecoClubSP/posts/924406944269353

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As informações sobre o caso são desencontradas. Os relatos, postados inclusive nos comentários da nota oficial, dão conta de que uma menina, que não tem sua identidade conhecida e não quer se pronunciar sobre o acontecido, estaria ficando com um segurança do Beco durante a festa de sexta-feira. Em determinado momento, os dois teriam entrado no banheiro do local. Dentro do banheiro, ela teria dito ao segurança que não faria sexo. Foi então que teria havido o estupro. Ainda há relatos de que os funcionários da casa não teriam fornecido auxílio à suposta vítima.

– Eu estava saindo do Beco e ouvi algumas garotas discutindo com os seguranças. Perguntei a elas o que estava acontecendo, e elas me contaram. Perguntei se a vítima ainda estava lá, e elas disseram que sim. Fui até uma viatura policial, que estava parada na calçada, onde outras já a consolavam. Ela estava em prantos, e um policial tentava apaziguar a situação. Perguntei por que ele não fazia nada, e ele disse que não podia fazer nada se a menina não falasse. Respondi que, se ele fora chamado, era por um real motivo. Mais uma vez ele disse que não podia fazer nada, pois o culpado não estava presente – conta Marcela Baena, uma das frequentadoras da casa noturna, que estava na festa.

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Procurado por ZH, o Beco se pronunciou por e-mail, por meio de sua assessoria. Segundo a nota, o segurança envolvido no caso teria ficado com a cliente “consensualmente, conforme foi demonstrado e confirmado pelo sistema de monitoramento”, mas foi “afastado” porque “a postura não condiz com as normas da casa”. A boate também nega que não tenha dado suporte à suposta vítima: “A equipe do Beco 203 prestou toda a assistência aos envolvidos a todo o momento”. O Beco ainda afirma que tem “imenso interesse de que tudo seja apurado e esclarecido” e que está “colaborando de forma clara e objetiva com os questionamentos”.

https://www.facebook.com/BecoClubSP/posts/925701364139911

Procurado pela reportagem, o 7º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de São Paulo, que atende a região, não soube informar se há boletim de ocorrência sobre o caso. Ao jornal Extra, o 7º BPM relatou que “não houve chamados desse tipo na área da boate”. Já a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP), por meio de sua assessoria, informou ao jornal que “a jovem se dirigiu à 78ª DP, no bairro de Jardins, para prestar depoimento, acompanhada da mãe” e que “o depoimento dela foi colhido separadamente, sem a presença do outro envolvido no caso”. Entretanto, a SSP “não esclareceu se a queixa foi retirada ou não por parte da vítima”. A reportagem de ZH também não conseguiu contato com a SSP-SP e com a 78ª DP até a noite desta terça.