Uma conquista histórica como a reduzida taxa de desemprego registrada agora deve ser vista como estímulo para o país persistir nas condições que garantem a estabilidade.

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Em meio a informações de efeitos ainda não devidamente mensurados para a economia brasileira, como a redução gradual de estímulos ao crescimento nos Estados Unidos, com potencial para impactar o câmbio e a inflação, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem uma excelente notícia: a taxa de desemprego do país caiu ao seu menor índice.

De outubro para novembro, o percentual passou de 5,2% para 4,6%, o menor de uma série histórica iniciada em março de 2002, comparável apenas ao índice de dezembro do ano passado. É um bom sinal, mas que não deve ofuscar o cenário de preocupações para 2014, nem estimular qualquer afrouxamento no controle de providências que os responsáveis pela condução da política econômica precisam tomar.

O simples fato de o país ter conseguido preservar o seu nível de emprego até agora, mesmo com um desempenho tímido de sua atividade econômica e com a persistência de fortes instabilidades externas nos últimos meses, constitui razão suficiente para comemorações. A responsabilidade aumenta em momentos como o atual, com o impacto da decisão do Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, de retirar progressivamente os incentivos à retomada de sua economia.

Por mais que instituições como as Nações Unidas (ONU) estimem uma forte retomada da atividade global a partir de 2014, em consequência da reativação norte-americana, o risco é de que o Brasil se mostre mais vulnerável à iniciativa. Isso porque, diante da maior possibilidade de investidores transferirem recursos para os Estados Unidos, o país poderia enfrentar ainda maior dificuldade para cobrir seu déficit. Uma conquista histórica como a reduzida taxa de desemprego registrada agora deve ser vista como estímulo para o país persistir nas condições que garantem a estabilidade.

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Além de ter caído na média, a taxa ficou menor também em grupos nos quais costuma ser mais elevada. É o caso, por exemplo, de pretos, pardos e de jovens de maneira geral, que se incluem normalmente entre os mais prejudicados. No momento em que a pior fase da instabilidade econômica começa a ficar para trás em âmbito global, o país deveria aproveitar para apostar em ações que acenem com a perspectiva de um crescimento em níveis mais adequados às suas necessidades. A manutenção da confiança dos investidores, baseada em compromissos claros de austeridade, mesmo num ano de campanha eleitoral, é um dos pressupostos para assegurar a continuidade da oferta de emprego e de recuperação da renda dos brasileiros.