Esqueça poupança, fundos de investimentos, CDB, títulos públicos, imóveis e bolsa de valores. Em Blumenau, ainda há quem faça investimento a longo prazo, que não está sujeito às oscilações econômicas. Basta um olhar mais atento aos quintais alheios para perceber que há quem, pacientemente, planta a Araucária-excelsa para depois de alguns anos “sacar” o investimento podando a árvore que se transforma em pinheiro. Nem todos visam ao lucro. O que vale é manter a tradição.

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Quem vai à casa da dona Helga Budag está mais interessado nos pinheiros naturais do que nas árvores de plástico com etiqueta Made in China. Dona Helga e o marido, Edgard Stein, conservam no terreno que contorna a casa e na porção de terra vizinha uma penca de Araucárias-excelsa. Estão lá há 40 anos, quando o primeiro marido de Helga buscou as sementes no Bom Retiro para iniciar a plantação e ganhar uns trocados no fim de ano.

Hoje, aos 82 anos, ela nem pensa em vender o terreno valioso, cobiçado por imobiliárias, às margens da Rua Jorge Lacerda. O desejo vai além do dinheiro. O que ela e seu Edgard gostam mesmo é de receber anualmente os clientes fiéis de muito tempo e colocar a conversa em dia. Com a venda de, em média, 80 pinheiros por temporada a R$ 20 cada, o lucro fica para manter a limpeza do espaço em ordem durante o ano.

A tradição da plantação de pinheiros também faz parte da família de Júlio Carlos Cidral. A venda das araucárias plantadas às margens da Rua Bahia começou com a bisavó, há mais de 40 anos. Agora, o negócio cabe à quarta geração da família. Com vendas sob encomenda, ele cuida também da entrega, se for o desejo do cliente. O preço é por galhada: R$ 8 cada. Um pinheirinho tem, em média, 10 galhadas.

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– Já temos clientes fixos. No fim de ano os pinheiros são uma renda a mais – conta Júlio.

Tradição das árvores chegou com os imigrantes

De caule espinhoso e folhas rígidas, talvez a Araucária-excelsa combine mais com tufos de algodão, velas coloridas, pinhos, bolinhas e gotas de vidro. E era assim que os imigrantes decoravam os pinheiros de Natal. A professora Sueli Petry, diretora do Departamento Histórico-Museológico da prefeitura de Blumenau, explica que a tradição de enfeitar as árvores chegou à região com os alemães e italianos. Porém, na época, a árvore era cortada e decorada no dia 24, às escondidas, para surpresa das crianças.

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