As ruas e ônibus vazios em uma manhã de quarta-feira transformaram Blumenau em uma cidade de interior. Os olhares perdidos e cheios de lágrimas das poucas pessoas que andavam pelas ruas procuravam um motivo para o ataque a creche que deixou quatro crianças mortas.

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O dia fúnebre amanheceu cinza. Céu nublado, tristeza no olhar dos moradores, comércios fechados ao redor do educandário e uma fraca chuva que cai aos poucos no asfalto. Até quem não sabia do acontecido se comovia pela quietude da cidade.

Os moradores próximos a creche nem conseguiram fechar os olhos desde que ouviram os gritos das crianças vindo do CEI Cantinho Bom Pastor na manhã de terça-feira (5). Ninguém viu o fato, mas o desespero dos pais que perderam os filhos na tragédia e dos que procuravam pelos pequenos dentro da creche foi compartilhado com todos os blumenauenses.

Um nó na garganta tomou conta, e desde então faltam palavras para descrever o que foi viver um assassinato tão próximo de casa. É o que dizem os moradores

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— Não sei o que falar, estou em choque — diz Maurício.

Sentimento compartilhado também por Dolores, que reside na rua em frente a unidade escolar e que, ao ouvir ambulâncias, polícia e gritos, na manhã de terça-feira, correu para a frente da casa. Foi quando presenciou a cena dos pais gritando pelos filhos, famílias abandonando os carros na rua e correndo em direção a unidade e pessoas paradas, sem conseguir agir.

— Eu não consigo fazer minhas coisas hoje. Tá um dia estranho, difícil, parece que está todo mundo em um grande velório — conta.

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— Eu parei ontem quando soube da notícia, não consegui fazer mais nada. Viemos aqui prestar condolências porque temos filhos da idade das crianças, mas não dá. Travamos — compartilhou uma moradora de Blumenau que não conteve o choro ao colar um cartaz em frente à creche.

O estacionamento da creche, de pedra brita, e onde todos prestavam homenagens, foi aos poucos sendo coberto de flores. A creche virou um belo jardim de rosas amarelas, brancas, vermelhas e azuis. Todas envoltas em um laço de sentimento.

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Maria tinha duas meninas na creche no momento do ataque. Ambas não viram a cena e estão bem, mas o sentimento de luto pelos outros pequenos caminha com ela desde a manhã de terça-feira. Em lágrimas, a mãe que mora há 3 meses em Blumenau procura respostas para estar vivendo isso:

— Não tenho família aqui, acabei de me mudar. Qual o propósito disso? Minhas filhas estavam ali expostas ao risco. Os anjinhos se foram, não sei se os pais um dia vão voltar viver, eu não consigo imaginar. Alguém me explica.

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