Mesmo após mais um sábado com ambulatórios gerais abertos em Blumenau, o índice de vacinação contra a gripe segue abaixo da meta no município. Os dados divulgados ontem pela Secretaria de Promoção da Saúde confirmam que 73,3 mil pessoas estão imunizadas contra a doença, o que corresponde a 66% do público prioritário em Blumenau. A meta estipulada pelo Ministério da Saúde é que ao menos 90% desse grupo, que totaliza 111.031 pessoas, estejam protegidos até o dia 31 de maio. Só no sábado foram aplicadas 1.296 doses.
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A baixa procura pela vacina tem preocupado os especialistas e agentes de saúde. Vários fatores são apontados como decisivos para essa dificuldade crescente em alcançar a meta de imunização proposta pelo governo federal. Mas há uma causa praticamente unânime para a baixa adesão ao programa não apenas em Santa Catarina, mas em outros estados do Brasil: a desinformação.
O infectologista Amaury Mielle afirma que informações falsas compartilhadas nas redes sociais, como que a vacina é feita para matar os idosos ou adoecer a população, são entendidas por muitos como verdade. Além disso, o médico afirma que falta consciência coletiva, já que a gripe é uma doença transmissível que pode afetar toda a comunidade se os moradores não buscarem a imunização.
Uma saída apontada pelo infectologista é disponibilizar a maior quantidade possível de informação nas campanhas. Esclarecer quais são os efeitos colaterais e a incidência com que ocorrem, que a vacina tem determinado percentual de proteção, quais são os vírus que circulam na região, para quais tipos de influenza há imunização e que a vacina não garante que a pessoa não terá qualquer tipo de gripe.
Para Ricardo Alexandre Freitas, infectologista da Secretaria de Promoção da Saúde de Blumenau, desmistificar a vacina é a única maneira de parar o crescente número de pessoas contrárias à imunização. O caminho proposto é detalhar a eficácia e segurança, apresentando dados científicos sobre os índices de proteção e esclarecendo que a vacina não transmite doenças — inclusive ampliando a conscientização entre os profissionais que atuam na área.
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— A pessoa quando vê a doença corriqueira, tende a não valorizá-la, o que seria o caso dos profissionais de saúde. Nesse caso específico, a adesão tem sido bastante baixa até o momento. Por trabalharem com doença o dia todo, passa a impressão de que estão seguros e a doença seria irrelevante, o que sabemos que não é verdade, porque somos seres humanos e sofremos de doenças como qualquer outra pessoa — destaca Freitas.
O infectologista também afirma alguns pacientes com quadro de gripe eventualmente poderiam passar despercebidos antes da confirmação do primeiro óbito causado pela doença no município. Com o sinal de alerta, ele afirma que o número de diagnósticos aumentou.
“As pessoas acreditam que não serão contagiadas”
Lia Quaresma Coimbra, gerente de imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC), explica que o objetivo da vacina é evitar os casos graves que possam levar ao óbito.
Então é possível que a pessoa tenha gripe mesmo com a vacina, seja porque a intensidade do vírus é menor ou que a transmissão ocorreu por outro tipo de influenza não contemplado na vacina — a qual protege para H1N1, H3N2 e vírus B, que são predominantes no Sul do país.
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— As pessoas não se vacinam porque acreditam que não serão contagiadas pela doença. O próprio clima atual, não muito frio, faz com que as pessoas esperem para se vacinar. Mas apesar de predominar nessa época, do vírus influenza circula o ano inteiro e pode transmitir a doença em outras estações do ano — explica a gerente de imunização da Dive.