A Blumeterra, empresa que opera o serviço de coleta de lixo até amanhã em Blumenau, convocou ontem uma entrevista coletiva para informar que a prioridade da empresa é cumprir o contrato e então devolver o serviço à prefeitura. Porém, após a divulgação de que haverá mudança na operação, parte dos funcionários não compareceu ao trabalho. Na tarde de sábado a coleta de lixo teve cerca de 40% a menos de trabalhadores. Segundo o diretor operacional da Blumeterra, Daniel Baldacin, a coleta está sendo possível porque os trabalhadores que continuam comparecendo estão fazendo horas extras, entre outras ações:

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– As equipes geralmente têm um motorista e três coletores, e algumas estão saindo com apenas um coletor. Ainda é difícil saber como vamos fazer até quarta-feira, porque não sabemos quantos trabalhadores vão chegar para os turnos. Estamos trabalhando ao máximo para evitar que a coleta pare até o fim do nosso contrato.

A empresa evita falar abertamente sobre as possíveis demissões e diz que está avaliando a possibilidade de realocação de alguns trabalhadores. No total, 110 pessoas trabalham diretamente na coleta de lixo, entre motoristas e coletores e cerca de 50 em atividades ligadas à operação, como cozinha, mecânica, manutenção e administrativo.

O Samae informou que a previsão é de que a Sanepav, empresa de Barueri (SP) contratada em caráter emergencial para executar a coleta de lixo, comece a operar na quinta-feira. De acordo com a autarquia, 10 caminhões da empresa já estão na cidade e outros cinco devem chegar hoje, totalizando os 15 veículos previstos no contrato. Eles estão no pátio da Companhia Urbanizadora de Blumenau (URB), cedido pela prefeitura, e a Sanepav deve montar sua estrutura administrativa provisoriamente em um espaço atrás do Terminal do Aterro.

O principal gargalo da transição é a contratação de mão de obra, já que a empresa paulista precisa de pelo menos 110 funcionários para executar o serviço. Segundo o Samae, a orientação dada à Sanepav é de que seja feito contato com os trabalhadores da Blumeterra que já atuam na coleta de lixo, para que os funcionários demitidos possam ser contratados. Caso a empresa não tenha condições de iniciar a operação já na quinta-feira, equipes do Samae e da URB estão preparadas com um plano de contingência para manter o serviço.

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Argumentos de ambos os lados

Este é o terceiro contrato emergencial assinado pelo Samae desde que a última contratação regular expirou, em maio de 2016. Os dois primeiros – um de 180 dias e outro de 90 dias – foram feitos com a Blumeterra, que já prestava o serviço desde 2011.

Durante a coletiva o diretor-presidente, Giovani Busnardo, informou que Samae e empresa chegaram a conversar sobre a renovação do contrato, porém, ele argumentou que não era possível fazer um terceiro documento nos mesmos termos do anterior:

– O Samae divulgou que a Blumeterra não tinha interesse em continuar prestando o serviço, mas não é isso. Somos uma empresa daqui, temos todo o interesse de continuar trabalhando em Blumenau, mas não tínhamos mais como praticar o mesmo valor de antes, porque está defasado.

O advogado da Blumeterra, Alexandre Magno da Cruz, diz que a empresa soube da posição do Samae pela imprensa na última sexta-feira e que já entrou com um pedido de informações para saber quais foram os critérios da cotação para a nova contratação e por que a Blumeterra não foi consultada.

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Em nota, o Samae reiterou que “não teve alternativa a não ser buscar outra empresa, diante da negativa da atual prestadora de serviços em renovar o contrato emergencial”. A autarquia afirma que enviou ofícios à empresa sobre a prorrogação e disse “que não recebeu solicitação formal de pedido de acréscimo e reequilíbrio econômico financeiro do contrato em vigência”.