Elói Lottemann cresceu em uma casa cheia de crianças, afinal teve 10 irmãos. Era uma outra época, sem TV e luz, então se tinha mais filhos, brinca o idoso no auge dos 72 anos. Mas ele mesmo reduziu bem esse número quando chegou a vez de ser pai: teve três. Resultado? Hoje são apenas seis netos e pequenos mesmo, para correr pelo quintal, só os de 2, 5 e 11 anos. O restante já cresceu.

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A filha caçula de Elói, por exemplo, teve apenas um filho e pensa se vai ter outro. A família do alfaiate e vendedor de biscoitos nas horas vagas reflete um novo perfil da população e explica porque Blumenau prevê ter mais idosos do que pessoas com idade de 0 a 14 anos em 2025. A inversão já era esperada, mas para daqui 10 anos, afirma o coordenador do Conselho Municipal do Idoso, Caio Marcel de Souza.

Elói ao lado da família (Foto: Arquivo pessoal)

Esse novo cenário é um dos dados trazidos à tona na semana passada com uma pesquisa feita pela Furb a pedido da prefeitura, para traçar o perfil das pessoas acima dos 60 anos em Blumenau. A pesquisa foi feita em duas etapas. Uma em 2023 e outra neste ano. Ela revela que a cidade tem 56 mil pessoas idosas. Em 2022, a população acima de 60 anos era de 54,7 mil.

Para se ter uma ideia, essa população aumentou 83,4% na cidade entre 2010 a 2022. No Brasil, o crescimento foi de 57,14%. Em 2000, uma pessoa em cada 925 chegava aos 90 anos. Em 2022, uma em cada 326. Um morador de Blumenau vive, em média, 78,6 anos. São dois anos e dois meses a mais do que a expectativa de vida no Brasil.

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— Eu quero viver muito ainda — garante Elói, esbanjando disposição.

Principais dados identificados no diagnóstico

Elói ainda não aposentou as tesouras, e nas horas vagas consegue tirar um tempo para vender as bolachas e orelhas de gato feitos esposa e a filha. O alfaiate faz parte 45,7% dos idosos de Blumenau que ainda ajudam no sustento da família, conforme o levantamento. Os dados trouxeram à tona também que a maioria dos idosos da cidade enfrenta doenças como diabetes, depressão e neoplasias.

— O crescimento dos casos de doenças mentais é outro aspecto que chamou bastante atenção — frisa o coordenador do Conselho Municipal do Idoso.

Os resultados do diagnóstico já foram apresentados ao Conselho Municipal do Idoso. A proposta é que o material fique disponível para todas as áreas, como saúde, educação e assistência social, e seja usado de base para a construção e melhoria de políticas públicas voltadas aos idosos.

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