Engana-se quem pensa que a primeira grande conquista do atleta paralímpico Dirceu Pinto veio em 2008, quando ele, ao lado de Eliseu dos Santos, conquistou três medalhas _ duas de ouro e uma de bronze _ no mundial de Pequim. Ou quatro anos depois, no mundial de Londres, quando Dirceu, agora competindo individualmente, levou para casa mais um ouro. A maior delas veio em 2002.

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Na época com 22 anos, o paulista de Mogi das Cruzes só saía de casa para ir às sessões de tratamento que tentavam amenizar os efeitos da distrofia muscular de cintura _ doença progressiva que enfraquece os músculos das pernas, braços e ombros. A rotina, que se repetia há 10 anos, foi quebrada pelo convite de um professor que viu Dirceu na clínica: treinar bocha adaptada.

– Foi paixão à primeira vista. Minha vida foi totalmente transformada. Conheci outras pessoas, comecei a sair de casa não só para fazer o tratamento, mas para me divertir e conhecer outros lugares – diz.

Dirceu, hoje com 35 anos, é um dos 99 atletas que estão em Blumenau para participar do Campeonato Brasileiro de Bocha Paralímpica. As competições, consideradas preparatórias para o Rio 2016, começaram nesta sexta-feira no Setor 2 do Parque Vila Germânica e terminam sábado à tarde. É a primeira vez que a cidade recebe uma competição nacional da modalidade, considerada pelos preparadores físicos a mais inclusiva dos Jogos Paralímpicos.

– Quem está aqui tem o mesmo nível de quem compete no mundial. Muitos desses atletas têm condições de competir fora do país e representar o Brasil com maestria – pontua Dirceu, ao ressaltar que o nível das competições nacionais cresceu muito nos últimos anos.

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– Há algum tempo a gente não se preocupava, mas hoje entramos sabendo que todos os jogos serão difíceis. Aqui toda rodada é como se fosse uma final – conclui.

Trabalhando corpo e mente

Cada partida de bocha paralímpica dura em média uma hora, conta Felipe Alves Jacovazzo. Diferente da bocha comum, quando o atleta faz jogadas em segundos, o atleta tem até seis minutos para jogar.

– Tem categorias que finalizam em 20 segundos, mas outras precisam de um tempo maior para definir como será a jogada – diz Felipe Alves Jacovazzo preparador físico e representante da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande).

As categorias que Jacovazzo se refere são as classes BC 1, BC 2, BC 3 e BC 4. Cada um representa um grau de deficiência do jogador. Dirceu, por exemplo, compete na BC 4, que são atletas sem lesões cerebrais, mas sim musculares.

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