Embora junho tenha começado com chuva no Vale do Itajaí, Blumenau registrou o mês de maio mais seco dos últimos 12 anos, de acordo com dados do sistema Alertablu e do Centro de Operação do Sistema de Alerta da Bacia do Rio Itajaí-Açu (Ceops). O acumulado mensal de chuva para maio de 2018, com base na média das 17 estações pluviométricas distribuídas em toda a cidade, foi de 49,1 milímetros, o que corresponde a 47% ao que era esperado para o mês. É o menor valor de chuva mensal para maio desde o ano 2015, quando o Alertablu passou a monitorar o fenômeno.
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O Ceops, também faz este monitoramento, mas ainda não compilou os dados do mês de maio. Mesmo assim, se for considerado o levantamento feito desde 1981, pelo órgão ligado à Furb, maio deste ano não apresentava volumes de chuva tão baixos, desde 2006, quando choveu 26,3 milímetros.
A falta de chuva marcou os últimos dois meses. Abril e maio apresentaram volume de precipitação abaixo média histórica. Maio segue a tendência do mês de abril, que tradicionalmente abre uma época de volumes menores de chuvas em Blumenau e normalmente vai até agosto.
A estiagem dos últimos meses já tem reflexos até mesmo nas pedras que começam a ficar expostas no leito do Rio Itajaí-Açu. Às 13h de sábado, só para se ter ideia, o nível do rio estava em apenas 26 centímetros na medição feita na Ponte Adolfo Konder, o que levanta a questão com relação a distribuição de água na cidade. Mas segundo o Samae não há preocupação em relação ao abastecimento, pois os locais onde é feita a captação da água bruta têm um acúmulo significativo.
– A exemplo do que é feito junto a Usina do Salto, temos nos locais de captação, um sistema que represa a água, mantendo em um nível que facilita a captação – explica o gerente de manutenção, Guto Reinert.
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Falta de chuva preocupa agricultura familiar
Mas para o agricultor familiar, a falta de chuva é motivo de preocupação e prejuízo. Nilson Lueders tem uma plantação variada no interior de Indaial. Toda sua produção depende da condição do tempo e como ele não possui sistema de irrigação, a falta de chuva faz com que a plantação não cresça devidamente ou até mesmo estrague.
– Há dois meses que não chove forte aqui na região. Como consequência, a plantação está feia. Cerca de 30% de prejuízo, mas não podemos desanimar, temos que continuar – relata o agricultor.
De acordo com a meteorologista do Alertablu, Tatiane Martins, a falta de chuvas ocorreu devido à influência de bloqueios atmosféricos que agiram na região durante todo o mês. Com isso há dificuldade para o avanço de frentes frias, ciclones e áreas de baixa pressão para a nossa região, o que reflete no cenário de volumes baixos de precipitação.
– A gente até teve chuva registrada na região, mas principalmente por conta de circulação marítima, quando os sistemas de alta pressão ficam posicionados a leste de Santa Catarina e ficam direcionando umidade. Porém, essa condição atmosférica é capaz de gerar apenas chuvas de baixo acumulado e mal distribuídas – aponta a meteorologista.
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Esta condição de escassez de chuvas, inclusive, deve se manter, segundo a meteorologista do Alertablu.
– Estamos saindo de um evento de La Niña e passando para uma neutralidade climática. Sabemos que a partir de abril chove menos, então o que é esperado para junho para região é chuva dentro ou abaixo da média – completa Tatiane.