A cada dois dias, em média, uma criança ou adolescente foi vítima de violência sexual em Blumenau no primeiro semestre deste ano. O cálculo tem por base informações dos três conselhos tutelares da cidade e revela que a cidade registrou 85 casos somente de janeiro a junho. O levantamento foi apresentado ontem em um encontro motivado pelo elevado índice de ocorrências.

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O coordenador do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Givanildo Trindade, afirma que o índice reforçou a necessidade de reunir os setores envolvidos com o problema – Saúde, Educação, Desenvolvimento Social e Polícia – para trocar experiências e buscar medidas de prevenção.

Apesar de o total de casos em comparação com o primeiro semestre do ano passado ter ficado estável, o somatório impressiona. De 1º de janeiro de 2017 até 1º de julho de 2018, foram 244 episódios de violência sexual infantojuvenil em Blumenau. Em 77,8% deles, as vítimas foram meninas. Os agressores, normalmente, familiares ou pessoas próximas.

Diante de dados que indicam ainda as regiões com maior incidência – o bairro Itoupava Central é o primeiro do ranking, seguido por Itoupavazinha e Progresso – e também das faixas etárias das vítimas – o número maior é de crianças entre cinco e 12 anos – a proposta é estudar novas ações que modifiquem a realidade local.

A expectativa é de que as medidas sejam definidas na primeira quinzena de outubro, quando está prevista uma reunião da comissão de políticas públicas do CMDCA. Para o conselheiro tutelar Miller Domingues Lopes, o debate é o caminho para aprimorar a rede de proteção às crianças e adolescentes.

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– O desafio é fazer com que os atores de controle, como o próprio CMDCA, entre outros, atualizem-se e reformulem a política pública – pontua Lopes.

O delegado David Sarraff, da Delegacia de Polícia de Proteção à Mulher, à Criança e ao Adolescente, participou do encontro e defendeu a importância dos casos serem registrados para não deixar os autores impunes. Segundo ele, apenas 29 casos de estupro de vulnerável e 19 de adolescentes chegaram à Polícia Civil, em 2018.

– Na delegacia, serão feitos todos os encaminhamentos, inclusive para o Serviço de Atenção Integral às Pessoas em Situação de Violência Sexual, que cuidará do dano psicológico causado à criança, bem como o acolhimento psicológico na própria delegacia, que contribui muito com a investigação, elaborando um laudo técnico – afirma Sarraff.

Canais de denúncia:

* Disque 100, em que a ligação é gratuita e o atendimento 24h, inclusive nos domingos e feriados

* Conselho tutelar: 3381-6612 (região Norte), 3381-6613 (região Oeste), 3381-6661 (região sul)

* Escolas e unidades de saúde

* Em caso de flagrante: procurar o hospital mais próximo