Os impactos da pandemia da Covid-19 na rede municipal de educação de Blumenau devem ser conhecidos até o fim de junho. É quando a prefeitura espera concluir a análise das avaliações de desempenho realizadas em mais de 21,3 mil alunos no início deste ano letivo. As provas objetivas e descritivas foram aplicadas em estudantes do primeiro ao nono ano e devem mostrar o tamanho da defasagem nas disciplinas de Português e Matemática.
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As crianças passaram 2020 longe dos bancos escolares. Para aqueles com acesso à internet, aulas on-line, com o suporte de professores. Uma realidade diferente dos quase 10 mil estudantes que pegavam toda semana as atividades impressas e levavam para casa com a missão de aprender apenas com o apoio dos pais. Apesar dos desafios, o índice de evasão escolar não chegou a 1%. Porém, foi uma participação diferente, reconhece o governo municipal.
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Sem reprovações no ano passado, por orientação do Conselho Nacional de Educação, as perguntas que ficam são: o que de fato os alunos aprenderam e o que será necessário para recuperar os conteúdos? A secretária de Educação ressalta a necessidade de acolhida dos alunos antes de pensar em evolução do curricular escolar, mas reconhece que o resultado das avaliações deve mostrar um cenário desafiador.
— A etapa mais afetada é a alfabetização. Só que isso não significa que os anos finais não tiveram prejuízos. Todos tiveram prejuízos, seja de aprendizagem, socioafetivo, interacional. E vai levar um tempo (para recuperar) porque a gente não sabe quando a pandemia vai acabar — pontua Patrícia Lueders.
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Contraturno é possibilidade
Com o diagnóstico em mãos, cada escola terá um plano de ação para recolocar as crianças no nível desejado de conhecimento em cada série. A prefeitura cogita oferecer apoio pedagógico aos estudantes no horário contrário ao ensino regular para as turmas com maior defasagem. Caso a necessidade se confirme, as atividades devem iniciar no segundo semestre e vão exigir remanejamento interno das equipes dos colégios para atender à nova demanda, diz a secretária.
— Cada escola vai ter de elaborar as suas estratégias. Mas o que a gente está pensando enquanto secretaria é intensificar o projeto de psicopedagogia escolar, auxiliar o processo de alfabetização (isso não só nos anos iniciais, porque tem alunos que acabam indo para os finais alfabetizados, mas não estão letrados) e também, se for necessário, a gente pode até ter que trabalhar com reforço no contraturno. Essa avaliação vai trazer para nós as necessidades — reitera Patrícia.
Em 2021, 63% dos alunos da rede pública de Blumenau voltaram a frequentar o ensino presencial, que oferece atividades intercaladas com uma semana na escola e outra em casa. Em algumas unidades, em virtude da disponibilidade de espaço, todas as crianças estão diariamente dentro das escolas. Essa é uma realidade para 24,5% dos matriculados. Outros 37% seguem exclusivamente no ensino remoto.

Ideb já alertava
Os reflexos da pandemia não são a única preocupação quando o assunto é educação na cidade. O resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, divulgado no ano passado, também exige um olhar especial para o que está ocorrendo nas unidades de ensino. Como mostrou o colunista Evandro de Assis, as escolas municipais pioraram o desempenho na avaliação.
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Nos anos iniciais, Blumenau tirou nota 6.4. Está acima da meta projetada, que era de 6,3. Porém, se observar os dados históricos, a cidade recuou ao desempenho de oito anos atrás. Nas séries finais, a cidade não alcançou a nota esperada, de 5,3. Teve índice de 5,2. Não era o esperado se considerar que em 2017 a nota ficou 5,4.