O Metropolitano tem um novo presidente eleito. Mas nem sempre novo é sinônimo de mudança. A gestão de Ivan Rodrigo Kuhnen à frente do Verdão tem tudo para ser continuidade daquilo que deu certo até aqui e buscar a mobilização necessária para o jovem clube, de apenas 13 anos, seguir a caminhada de crescimento. Atual vice-presidente, Kuhnen sabe das dificuldades que o clube enfrenta e está disposto a trabalhar para vencê- las. Em entrevista exclusiva ao Santa, em meio às obras do Centro de Treinamento Romeu Georg, Kuhnen confirmou que o clube vai disputar a Série D do Brasileiro, que Pingo segue no comando do time e falou sobre os planos que tem. Confira:

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Jornal de Santa Catarina: Chegou a ser cogitada a desistência do Metropolitano na Série D do Brasileiro deste ano. E aí, o Metrô vai jogar a competição?

Ivan Kuhnen: Vai. Já começamos a trabalhar hoje (sexta-feira), porque até ontem (quinta-feira) estava em stand by porque não tinha um presidente. Estava decidido a não concorrer. Não era blefe. Não tínhamos apoio de ninguém. Mas se chegou a um consenso após reunirmos empresários interessados na continuidade do Metropolitano. Foi formada a comissão financeira (que vai buscar R$ 250 mil por mês). Faltava apenas a definição de alguns nomes. Ontem (quinta-feira) tivemos a definição. Inclusive foi colocado na ata. Segunda faremos uma reunião.

Santa: Como será a montagem do elenco?

Kuhnen: Nosso intuito é no fim de maio apresentar os atletas que vão ficar. Vamos conversar e negociar com eles. Agora vamos dividir eu, Marcelo (Georg, atual presidente), Vadinho, Viton, Cesar Paulista e Osmair em dois grupos. Um grupo com foco no Sul e outro em São Paulo e Rio de Janeiro. Aí vamos começar a fazer reuniões com clubes. Vamos tentar trazer 10 atletas emprestados, com salário pago pelos clubes de origem. Até porque a gente vai ter que diminuir o máximo possível de despesas. Temos ainda um crédito com o Atlético-PR da venda de um atleta, que o Atlético até hoje não nos pagou. Então vamos lá negociar.

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Santa: O técnico Pingo será mantido?

Kuhnen: Sim, está mantido. É a pessoa mais preparada e tem o conhecimento do clube. Conhece as dificuldades que é trabalhar no Metropolitano. A gente sabe que o clube passou por uma fase difícil, mas sabemos da força que tem. Blumenau precisa crescer em nível estadual como uma potência no esporte. Não só o Metropolitano, o esporte de Blumenau. Já fomos, com times de ponta recentemente no basquete, no vôlei, no futsal e um time vice-campeão estadual de futebol. Precisamos voltar a isso, a ter credibilidade no esporte no Estado. Sempre falo que uma cidade forte no esporte é uma população forte, um prefeito forte. Não podemos cobrar só dos empresários e do poder público. A população tem que abraçar a causa.

Santa: Qual é o planejamento?

Kuhnen: Cobramos do Pingo que na segunda-feira apresente uma lista dos jogadores que ele quer que continuem e dos atletas que viu jogar no Estado e que interessam. Não vamos fazer nenhum loucura, contratar jogador capa de jornal. A ideia não é essa. Segunda-feira eu, o Pingo, o Vadinho e o Marcelo vamos nos reunir e analisar a lista.

Santa: Marcelo Georg será o diretor de Futebol na sua gestão?

Kuhnen: Sim. Sempre falei que só aceitaria se fosse dessa forma. Tenho que ter do meu lado os meus pares.

Santa: Qual a previsão de gasto mensal com folha de pagamento do time?

Kuhnen: Considerando o apoio da comissão financeira com R$ 250 mil e a gente na busca por mais R$ 150 mil com patrocinadores e sócios, chegaremos a R$ 400 mil de arrecadação por mês. Queremos chegar a uma folha salarial entre R$ 180 mil e R$ 200 mil. Como foi feito no Catarinense. Peças que vimos jogar, com folha salarial menor, sem loucura.

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Santa: Este ano a CBF vai arcar com os custos de viagens e também a arbitragem das partidas. Dá uma boa aliviada no caixa do clube, não?

Kuhnen: É um facilitador enorme. Hoje nós saímos para um jogo com uma despesa de no mínimo R$ 25 mil. Assim já diminui bastante. Com o pagamento da arbitragem é mais um facilitador.

Santa: Como tornar o futebol um negócio atrativo para os empresários locais?

Kuhnen: Primeiro é transformar o Metropolitano num clube popular. Facilitar o acesso de todas as classes. O Metropolitano não é um time de classe A, de gente rica. Não. É um time do povo. Não sei como que vou fazer. Tenho várias ideias. Fui dormir às 3h na noite passada pensando em como que vou fazer. Mas não vou resolver isso hoje ou segunda- feira. Tenho que sentar com meus pares e pessoas que vão colaborar com o clube para transformá-lo num clube com acesso para todos.

Santa: O senhor foi vice-presidente do clube nos últimos dois anos e sabe das dificuldades que é viabilizá-lo financeiramente. Este é o maior desafio?

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Kuhnen: Sim. Sempre foi o grande desafio, de todos os presidentes que passaram pelo clube. É por isso que digo que vou ter que queimar a moringa para chegar nessa conta, de fazer a coisa acontecer. Mas é assim em todos os negócios. Quando montei a minha empresa também tinha que pensar como que ia fazer para competir com as maiores empresas do Brasil no setor. Hoje estamos bem no mercado, fazendo um trabalho legal e tendo lucro. Vai ser um trabalho árduo.

Santa: Há alguns anos o Metropolitano tem parceria com o basquete masculino e chegou a fazer algo parecido com o handebol feminino. Na sua gestão o senhor buscará a aproximação do clube com outras modalidades?

Kuhnen: É o grande objetivo do Marcelo (Georg). Ouço ele falando isso há alguns meses. O entendimento é que é muito difícil fazer esporte em Blumenau sozinho. Se nós todos nos unirmos, fica mais fácil. A gente quer abrir isso com o futsal, basquete masculino, basquete feminino, vôlei. A gente já teve uma reunião com o presidente da FMD e isso ficou meio morto. Vamos voltar a trabalhar em cima disso.