Blumenau fechou o primeiro semestre deste ano com saldo positivo na geração de empregos. A cidade encerrou o período com 3.836 novas vagas de trabalho formal. O dado é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que leva em consideração as 32.094 admissões e as 28.258 demissões informadas ao Ministério do Trabalho. Com o resultado, o município ficou em segundo lugar no ranking estadual – atrás apenas de Joinville – e em 12º no levantamento nacional.

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O desempenho positivo no semestre foi possível mesmo com saldos negativos em maio (-163) e junho (-519). O economista Nazareno Schmoeller diz que essa queda é reflexo de ajustes do mercado e que fazem tanto junho como julho terem números piores para a geração de vagas.

Queda em maio e junho é normal

Segundo o especialista, as indústrias contratam no primeiro semestre. A partir daí, o ritmo diminui, voltando a crescer em outubro e novembro, mas em proporção menor do que o observado nos três primeiros meses do ano.

– Seria algo como um ajuste sazonal, que todos os municípios fazem. A nossa percepção é que as empresas anteciparam o ajuste sazonal para maio, devido à greve dos caminhoneiros – explica Schmoeller.

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A última vez que Blumenau registrou saldo positivo em junho foi em 2013, com a geração de 31 novas vagas. De lá para cá, os dados fecharam no vermelho. Neste ano, porém, o desempenho é o terceiro pior dos cinco anos – com saldos negativos de 802 em 2015 e 1.267 em 2016. Para Nazareno, em 2018, o resultado se justifica pelo fechamento de uma empresa têxtil na cidade. O setor encerrou junho com menos 238 postos de trabalho.

– Não esperamos bons resultados para julho, que ainda vai ter reflexos da paralisação (dos caminhoneiros), mas acreditamos que a partir de agosto os saldos voltem a ser positivos – projeta.

A indústria da transformação é a responsável pelo bom resultado do semestre. O setor gerou 41,5% das oportunidades abertas de janeiro a junho em Blumenau.

O levantamento comprova o que Luvyane Raitz Bortoli observa no dia a dia. Coordenadora de uma agência de empregos por onde passaram, em média, 80 pessoas por semana somente nos três primeiros meses do ano, ela aponta a metalurgia como uma área em crescimento e com bons salários, o que não tem sido identificado em outros ramos.

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Agências da cidade têm mais de 600 postos em aberto, mas que exigem qualificação

Levantamento do Santa feito na semana passada, que consultou seis agências de emprego e o Sine, apontou a existência de ao menos 633 vagas formais em Blumenau. Quem está na rua em busca de uma colocação no mercado sente na pele o desafio de um mercado mais exigente e com remuneração, por vezes, mais baixa.

– Muitas empresas demitiram funcionários que estavam ganhando muito bem e abriram vagas com salários menores, porque não tinham mais condições de pagar – aponta a coordenadora Luvyane.

Essa movimentação do mercado fez surgir candidatos com um perfil muito especializado. Na outra ponta, entretanto, há um grupo de pessoas com pouca qualificação. São dois extremos, explica a supervisora do Sine de Blumenau, Sandra Regina Alves da Silva Schatz. O que se percebe no cotidiano é aumento na competitividade:

– Em 2015, cerca de três pessoas eram indicadas para concorrer a uma vaga. Atualmente, esse número varia entre 10 e 15 para a mesma oportunidade.

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A recepcionista Luana Bedin gastou muita sola de sapato até encontrar um emprego. A jovem de 21 anos lembra os mais de 20 currículos que entregou pela cidade em busca de uma recolocação depois que perdeu o trabalho em um pet shop em abril.

– Pediam muita experiência e isso é difícil para quem está começando. Eu também não queria mais trabalhar em pet, queria vir para área administrativa e daí não conseguia – recorda a jovem, que conquistou a vaga atual por indicação de uma amiga.

Diretora de uma empresa que presta consultoria em recursos humanos há 11 anos, Leyla Berns identifica a mudança do perfil dos candidatos que as empresas buscam. Com um trabalho voltado a vagas táticas e estratégicas, ela percebe que o domínio de outros idiomas, até pouco tempo visto como diferenciais, hoje são obrigatórios. A cobrança por mais qualificação também aumentou, mas o primordial é a inteligência emocional, afirma a especialista.

– As empresas buscam pessoas curiosas, que queiram entender do negócio e ver onde podem ajudar – pontua.

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Desempregada há seis meses, a professora de artes Eliane Albuquerque encontrou no artesanato uma fonte de renda para ajudar o marido a pagar as contas. Enquanto a nova oportunidade não surge, ela se qualifica. Aproveitou o Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub) para fazer imersão para professores sobre teatro na escola.

– Estou fazendo uma pós-graduação para buscar ampliar minha área de atuação – resume.