O ano de 2017 tem sido difícil para várias cidades do Vale do Itajaí por causa da chuva. Houve temporais que causaram enxurradas, deslizamentos de terra, alagamentos e, com mais força e duração, a enchente do começo de junho. A cheia do rio Itajaí-Açu e afluentes deixou rastros de destruição em escolas, casas, postos de saúde, ruas, pontes e morros, deixando para os municípios a árdua tarefa de reconstrução. Duas das maiores cidades do Vale, Blumenau e Rio do Sul, decretaram situação de emergência com o objetivo de tentar acelerar e facilitar a busca por recursos federais e estaduais para voltar aos trilhos, mas o dinheiro prometido ainda não chegou.

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Somando os danos contabilizados somente pelo poder público das duas cidades – sem contar o que estima-se que comércio e empresas perderam –, Blumenau e Rio do Sul amargaram cerca de R$ 36,3 milhões em prejuízo com as chuvas de 2017 até agora. Desse valor, os municípios enviaram projetos ao governo federal pedindo recursos para reconstrução, mas receberam até hoje pouco mais de R$ 2,1 milhões.

– Fui até Brasília, pedi, apresentei projetos com as obras que precisávamos fazer, mas alegam que o governo está quebrado, que não tem dinheiro, que é responsabilidade do município. Tivemos que fazer muita coisa por conta própria porque não dá para ficar esperando e deixar ruas fechadas, mas falta dinheiro – lamenta o secretário de Defesa do Cidadão de Blumenau, Rodrigo Quadros.

Uma proposta com 20 obras somando R$ 12,3 milhões para Blumenau foi levada ao Ministério da Integração Nacional, mas dessa lista foram aprovadas somente duas, que juntas somam R$ 1.052.189,10, para obras em uma ponte na Rua Ruy Barbosa e no asfalto da Rua Max Klabunde, ambas no Progresso, atingidas pelas chuvas do começo do ano. O valor, no entanto, ainda não caiu na conta da prefeitura. Antes disso, a cidade havia recebido logo após a enchente de junho um repasse de R$ 427 mil, usado na limpeza e desobstrução de ruas em situação crítica e retirada de entulhos.

– Blumenau é uma cidade resiliente, mas os repasses são cada vez menores. Vou cobrar novamente o governo sobre 18 obras que não foram contempladas e precisam ser feitas. Se o dinheiro não vier vamos ter que viabilizar algo e encontrar formas com as secretarias municipais – explica Quadros.

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“A contrapartida foi ridícula”, diz prefeito de Rio do Sul

Gravemente atingida pela enchente de junho, Rio do Sul foi uma das cidades de Santa Catarina que mais apelaram ao governo federal na esperança de algum repasse para auxiliar na reconstrução do município. Pelas contas da prefeitura, o prejuízo foi de cerca de R$ 12,4 milhões para reconstruir imóveis públicos, recuperar vias e fazer outros serviços. O prefeito da cidade, José Thomé, chegou a liderar uma visita com o Fórum Parlamentar Catarinense ao presidente Michel Temer. Na ocasião, o governo federal chegou a anunciar a liberação de R$ 20 milhões para as cidades afetadas pela enchente em SC. Cinco meses depois, não há nem sinal do dinheiro no município do Alto Vale do Itajaí.

É revoltante. Desconheço cidade que tenha recebido esse valor. Esperávamos que Rio do Sul e Lages fossem beneficiadas, pois foram as mais atingidas, mas não aconteceu. Arrumamos a cidade, deixamos ela bonita novamente, fizemos o que era preciso e gastamos milhões, mas a contrapartida do governo federal foi ridícula – desabafa o prefeito.

Thomé afirma que a prefeitura recebeu somente R$ 708 mil em agosto para ações de limpeza urbana, desentupimento de tubulações e recolhimento de lixo. Só para operações de tapa-buraco nas vias da cidade depois da enchente, o prefeito afirma que Rio do Sul gastou mais de R$ 540 mil na compra de 2 mil toneladas de asfalto.

Outras obras, como contenções, ainda esperam repasses federais e estaduais de empenhos feitos em anos anteriores, após outras enchentes, que ainda não foram depositados.

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