Nenhuma das 14 cidades do Médio Vale do Itajaí colocou em vigor um Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos. Mesmo o governo federal tendo estabelecido normas desde 2010, Blumenau e Brusque, os dois maiores municípios da região, nem sequer começaram o projeto. O prazo para a apresentação dos planos já passou por duas prorrogações e, atualmente, a data final para adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é 31 de dezembro. Depois disso, os municípios podem perder repasses de verbas para saneamento.
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– A partir do momento em que o município tiver o plano de gestão, vai ser obrigado a executá-lo. E isso é uma mudança grande no que é feito atualmente em vários lugares, então acabam pedindo prorrogações. Por consequência, questões importantes ficam para depois – ressalta o advogado coordenador da comissão de meio ambiente da OAB em Blumenau, Nicolau Cardoso Neto.
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Em 2013, uma pesquisa do IBGE mostrou que 33% dos municípios brasileiros declararam possuir plano municipal de gestão de resíduos. Mas em Blumenau somente nesta semana será conhecida a empresa que vai começar a elaborar um plano, que engloba tratamento de água, esgoto, drenagem urbana e o controle de resíduos sólidos. A vencedora terá seis meses para apresentar um projeto.
– A lei prevê a possibilidade de tratar a gestão de resíduos dentro do plano de saneamento, que deve ser revisto a cada quatro anos, e foi o que optamos. Mas estamos atrasados. A empresa vencedora terá urgência em fazer o plano para executar o quanto antes – afirma o diretor de resíduos sólidos do Samae de Blumenau, João Carlos de Franceschi.
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O projeto será feito com dinheiro do Samae, enquanto outras cidades da região criam o plano com verba do Ministério do Meio Ambiente.
Em Brusque, a Câmara de Vereadores rejeitou a entrada da cidade no Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí em votação no primeiro semestre de 2014. Desde então o município passou por uma mudança política após o afastamento do prefeito e a adequação ao PNRS não caminhou.
– O assunto não teve andamento devido à situação atípica que o município vive politicamente. A expectativa é que ele volte a ser abordado no conselho municipal de saneamento, que foi eleito no mês passado. A primeira reunião deve acontecer neste mês e certamente o plano de resíduos estará em pauta. O que sabemos é que não há como fazer o projeto por conta própria, então iremos estudar a entrada em um consórcio ou a contratação de uma empresa – explica o subprocurador geral de Brusque, Sergio Bernardo Júnior.
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Pelo menos não há mais lixões ativos na região. Segundo a Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi), os resíduos das 14 cidades da associação vão para dois aterros sanitários, em Timbó e Brusque.
ENTENDA A LEI
* Para garantir um destino adequado ao lixo, em agosto de 2010 o governo federal sancionou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece diretrizes para todas as cidades na questão de reciclagem e destino final do lixo.
* No projeto inicial da PNRS, as cidades tinham prazo de dois anos para apresentar o plano de gestão – municipal ou intermunicipal. A penalização para quem não tivesse o plano aprovado seria a perda de prioridade nos repasses e linhas de crédito do governo para investimentos em saneamento.
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* Com baixa adesão, o prazo foi prorrogado para 2014 e, em março deste ano, através da pressão de prefeitos, o decreto 8211/2014 passou para 31 de dezembro de 2015 a data final./ Uma emenda aprovada pelo Senado já passa para 2020 o prazo para a extinção dos lixões em municípios com menos de 100 mil habitantes.