A angústia que tomou conta dos moradores de Blumenau com a chuva de terça-feira deu lugar ao alívio no fim da tarde desta quarta, quando as nuvens que ameaçavam um possível novo temporal na cidade passaram pelo céu deixando apenas uma chuva leve. Até as 17h30min, as precipitações mais fortes registradas na cidade foram na região da Rua Coripós (14 milímetros) e no bairro Passo Manso (18 milímetros) – volume bem inferior aos 90 milímetros acumulados na enxurrada de terça.

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Na tarde desta quarta-feira o prefeito Napoleão Bernardes assinou o decreto de estado de emergência para Blumenau após o temporal que atingiu a cidade e causou sérios estragos em vários bairros. A assinatura ocorreu durante a reunião do colegiado na prefeitura, que reuniu secretários de todas as pastas e outros líderes do poder público e da Defesa Civil.

Napoleão disse que ainda não há uma estimativa final dos valores de prejuízo, mas como houve danos públicos e privados, inclusive com escolas atingidas, já era possível decretar a emergência. A medida é importante porque facilita a busca por recursos federais para recuperação e também para reembolsar os investimentos feitos pelo município neste primeiro momento. Além disso, segundo Napoleão, favorece até a obtenção de linhas de créditos para empresários que tiveram prejuízos com as chuvas. O decreto deve ser encaminhado em uma reunião na manhã desta quinta-feira, com o deputado federal João Paulo Kleinübing (PSD), presidente do Fórum Parlamentar Catarinense.

Até as 16h30min desta quarta-feira haviam sido registradas 325 ocorrências. Foram 187 deslizamentos, 35 alagamentos e 99 análises de risco. Segundo a Secretaria de Defesa do Cidadão, 60 já haviam sido atendidas no local. Rua Ilhéus, no bairro da Velha, Morro do Arthur, no bairro Progresso, Rua Araranguá, no bairro Garcia. Foram muitos os pontos mais críticos, com histórias de moradores que tiveram que tirar os móveis, contabilizar prejuízos, torcer para que que os deslizamentos não avançassem, ou, pior, ver a casa ser destruída pela terra, como ocorreu com um morador da Rua Pedro Krauss Sênior, no Vorstadt.

Limpeza e recuperação têm custo estimado em R$ 5,4 milhões

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Ao longo desta quarta-feira, 121 pessoas e 52 equipamentos da prefeitura estiveram na rua desde as 5h em 15 frentes de trabalho, que concentraram esforços nos lugares mais críticos. O trabalho, no entanto, deve continuar pelos próximos dias e até semanas.

O secretário de Conservação e Manutenção Urbana, Marcelo Schrubbe, disse que as contas iniciais apontam um custo de R$ 5,4 milhões para a reconstrução dos estragos da enxurrada. O valor reúne custos de limpeza, retirada de entulhos, desbloqueio de ruas e outras ações. No total 21 ruas foram desobstruídas desde o início da noite de terça-feira. A preocupação era que a cidade tivesse condições de comportar um novo volume de chuvas, já que a previsão apontava risco de novo temporal para o fim da tarde desta quarta. Nesse montante de prejuízo não está incluída a Rua Araranguá, no Garcia, que precisará ser refeita em quase toda a sua extensão.

Volume de chuva

Em duas horas de terça-feira, Blumenau registrou em média 90 milímetros de chuva – metade do esperado para o mês de janeiro. Ao contrário de outros temporais de verão, quando as pancadas costumam ocorrer de forma isolada em um bairro – foi assim na região do Progresso em janeiro e na Velha em março do ano passado – desta vez o alto volume de chuva atingiu praticamente toda a cidade. Das 17 estações pluviométricas que a cidade mantém para medir a quantidade de chuva, nove chegaram ao nível máximo de alerta, em vermelho. Apenas seis bairros da cidade não tiveram nenhuma ocorrência de deslizamento de terra. Esse contexto faz o prefeito Napoleão avaliar o episódio como “altamente excepcional”.

Prejuízos em imóveis públicos

Na reunião de secretários na tarde desta quarta a prefeitura informou que o abastecimento de água estava normalizado na cidade desde o início da manhã. Já no transporte coletivo, apenas uma linha de ônibus, a da Rua Araranguá, estava com bloqueio em algum trecho do itinerário. Na Secretaria de Educação, 10 escolas foram atingidas pelas águas, quatro delas com danos – Machado de Assis, Almirante Tamandaré, Vidal Ramos e o Centro Municipal de Ampliação do Tempo e Espaço Pedagógico da Criança e do Adolescente (Cematepca). Os reparos têm custo estimado pela secretaria entre R$ 120 mil e R$ 150 mil, mas não devem atrapalhar o retorno das unidades às atividades letivas. Na Secretaria de Saúde, o posto Augusto Cezar Viana sofreu alagamento e o ambulatório do bairro Fortaleza teve um problema estrutural no muro, que projetam um prejuízo de R$ 152 mil para a recuperação, mas que também não devem comprometer os atendimentos.

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