– Não precisa ser do meu sangue para eu amar.

A frase de Jéssica Soares Ribeiro representa a essência de um serviço lançado esta semana em Blumenau. O Família Acolhedora tem como objetivo oferecer a crianças e adolescentes que precisam deixar suas casas por maus-tratos ou negligência dos pais uma oportunidade de serem integrados em um novo lar. Assim que ficou sabendo da novidade a jovem de 27 anos não pensou duas vezes antes em foi buscar mais informações sobre como participar da iniciativa. A ansiedade a fez acordar cedo e acompanhar o evento de divulgação do novo serviço disponível na cidade, na manhã da última quarta-feira. Ela queria saber como vai funcionar e tirar dúvidas, com o bloquinho nas mãos para não perder nenhum detalhe.

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O sorriso no rosto após a primeira explanação das autoridades mostrou que ela, o marido e o enteado podem se inscrever no processo que vai habilitar as famílias interessadas em receber aqueles que só esperam por um pouco de carinho e atenção. O processo é simples e o primeiro passo consiste em uma ligação à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, quando serão coletadas as primeiras informações dos candidatos.

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– Sempre conversamos em casa que eu gostaria de adotar. Esse é um processo mais rápido e vai me permitir dar amor a alguém que precisa. A gente vê tantas crianças por aí abandonadas – fala emocionada.

O enteado da auxiliar de cozinha também acompanhou o lançamento do programa. A expectativa dele é grande de ver a família aumentar mesmo que por um período indefinido, já que o acolhido fica no lar até que a situação dele seja definida, podendo ser encaminhado para adoção ou retornar à família biológica, explica a coordenadora do Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, Márcia Kayser.

A família de Jéssica está ciente disso e mesmo assim os planos são muitos. O enteado dela, um jovem de 19 anos, planeja as brincadeiras. Eles aguardam para saber o sexo da criança ou adolescentes que virão a receber caso sejam habitados para o acolhimento, para então montar o quarto vago no apartamento.

A expectativa é que em seis meses o município tenha as primeiras famílias acolhedoras definidas e devidamente preparadas. A partir daí todos os casos serão avaliados individualmente. Não se trata de adoção e quem acolhe não poderá adotar o acolhido.

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– Por exemplo, quando nós tivermos seis famílias aptas, não necessariamente vamos precisar distribuir seis crianças. A pessoa está apta e fica aguardando. Aí quando tiver uma criança que a equipe técnica considere que o melhor para ela é a família acolhedora do que o abrigo, nós vamos ter essa opção – detalha a coordenadora.

COMO PARTICIPAR

Confira a seguir:

– O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora foi instituído através da Lei Complementar Nº. 1.179/2018. Os interessados em participar devem entrar em contato pelo telefone 3381-6641. A equipe responsável pelo trabalho irá orientar sobre todas as etapas e avaliar diversos critérios, como a possibilidade do ambiente doméstico de receber mais um integrante e estrutura emocional dos candidatos.

– Para se inscrever, o interessado deve ser maior de 21 anos, sem restrição de gênero e de estado civil, e morar em Blumenau há mais de um ano.

– As pessoas não podem ter interesse em adotar, nem possuir antecedentes criminais. Somente após a avaliação da equipe técnica é que os interessados serão considerados aptos ou não.

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– Durante o período de acolhimento haverá acompanhamento técnico tanto das famílias que abriram as portas para receber um novo integrante quanto dos pais ou responsáveis das crianças que foram retiradas do lar para verificar a possibilidade de reintegração à família.

– A iniciativa prevê ainda um auxílio financeiro no valor de um salário mínimo aos acolhedores.