A pandemia da Covid-19 fez 500ª vítima em Blumenau. O número simbólico vem com outra marca que chama a atenção: somente neste ano, são 243 vidas pedidas para o coronavírus na cidade. É praticamente a mesma quantidade de óbitos pela doença registrada de março a dezembro de 2020. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde.

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Um dos nomes em meio a esse número frio é o de Matilda Jansen, que partiu aos 77 anos. Casada há mais de cinco décadas, mãe de sete filhos e com 16 netos, ela precisou ser internada em Timbó por falta de vaga nos hospitais de Blumenau. 

Era dia 30 de março. 

Passou praticamente uma semana na enfermaria, e, diante do caos ao redor, a vovó conectada virou símbolo de esperança e força.

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— Ela mandava mensagem, fazia chamada de áudio e de vídeo. Quando a colega de quarto teve alta, disse que seria a próxima. Os médicos falavam que ela transmitia paz — lembra emocionada a filha Evelyn Jansen Teixeira.

Matilda Jansen morreu aos 77 anos vítima da Covid-19.
Matilda Jansen morreu aos 77 anos vítima da Covid-19. (Foto: Facebook, Reprodução)

Passada uma semana da internação, Matilda precisou ser transferida à UTI e intubada. Tudo foi muito rápido. Menos de 24 horas depois de chegar à unidade de terapia intensiva, faleceu.

— Ela teve uma parada cardíaca em decorrência da Covid-19. É uma doença invisível, mas é real. A gente não tem que ter medo, mas precisa se cuidar, fazer a nossa parte”, desabafa ainda abalada com a partida da mãe.

Vacina é a solução

A matriarca morreu dias antes de ser liberada a vacina contra a Covid-19 para a faixa etária dela. A infectologista Sabrina Sabino é enfática ao dizer que a imunização é o melhor caminho para reverter a pandemia. O problema é que essa alternativa caminha a passos lentos, como comprovam os números.

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De uma população com quase 362 mil habitantes, Blumenau tem atualmente 34,1 mil pessoas protegidas com as duas doses recomendadas.

— Vejo essas 500 mortes com muita tristeza e revolta por falta de planejamento em nível federal. Mortes que poderiam ser evitadas com vacina — reitera a especialista.

Enquanto a imunização não chega rápido para todos, seguir as regras sanitárias é o caminho para tentar atravessar a turbulência. É que apesar da queda no número de novos casos, a quantidade de internações permanece alta. Bateu recorde em 6 de abril de 2021 com 72 blumenauenses em UTI simultaneamente.

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Sabrina avalia que o novo cenário da pandemia pode ser atribuído à variante brasileira do coronavírus, considerada mais transmissível e agressiva. A percepção vinda do dia a dia no hospital mostra a ela que os pacientes apresentam piora do quadro clínico importante entre o sétimo e 10º dia de infecção e acabam nas UTIs.

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— Enquanto não tivermos vacina, vamos continuar patinando. É de certeza que vamos ter uma nova onda aqui no Brasil — pontua a infectologista.

Aceleração de óbitos em março e abril

As mortes por coronavírus em Blumenau aceleraram no fim de março, depois do aumento de testes positivos que começou a vir à tona em fevereiro.

Entre os dias 4 e 5 de abril, por exemplo, morriam em média quatro pessoas por dia vítimas da Covid-19 na cidade. O número vem em queda desde o fim do mês passado e neste domingo (9) ficou abaixo de 1 pela primeira vez desde 22 de fevereiro (confira no gráfico abaixo).

Há seis dias, vale destacar, Blumenau lembrou a morte da primeira moradora vítima do coronavírus: Vanessa Salm, 34 anos, que faleceu em 5 de maio do ano passado.

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