Atual vice-campeão catarinense, vencedor de 14 troféus do título mais importante do Estado e única equipe de Santa Catarina a disputar a Liga Nacional neste ano, o basquete feminino de Blumenau está próximo de viver a sensação de ir do céu ao inferno com a desistência de disputar o Estadual. Isso porque um artigo do regulamento do campeonato prevê a obrigatoriedade dos participantes terem uma equipe ou na categoria Sub-17, ou na Sub-19.

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E o time blumenauense não tem, por uma lacuna deixada graças à falta de investimento anos atrás e que impacta nos dias atuais. Conforme o técnico e um dos responsáveis pela equipe, João Camargo Neto, a única possibilidade de o clube disputar o Catarinense é se houver uma alteração no texto, caso contrário até o início de abril será oficializada a desistência.

Camargo explica que o trabalho junto às categorias de base é feito com meninas que têm entre 13 e 15 anos que, em pouco tempo, estarão aptas para atuar nas categorias determinadas pela Federação Catarinense de Basketball (FCB). Ele ainda destaca que a possível desistência não é por falta de vontade e sim por uma barreira que não pode ser ultrapassada na atual situação financeira que o clube vive. Ou seja, não há, segundo o treinador, condições de formar uma equipe que cumpra a exigência do regulamento.

Conversei também com Oscar Archer, presidente da FCB, que se mostrou indignado com a ameaça de Blumenau. O mandatário da federação chegou a dizer que “não é admissível que um time que entra para a Liga Nacional não tenha base trabalhada”. Archer é enfático quando diz que “não tem desculpa” e que não há possibilidade de qualquer mudança no regulamento do Campeonato Catarinense de Basquete.

– Instalou-se uma preguiça instituída com relação à base no basquete feminino de Blumenau – questiona Archer.

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Agora, vamos aos fatos: é incontestável que clubes responsáveis pelo desenvolvimento do basquete em Santa Catarina precisam ter trabalho com jovens atletas. Nesse quesito, Blumenau não é omissa, já que há um projeto que engloba meninas com menos de 15 anos que em breve estarão aptas a disputar um Sub-17, por exemplo. Por outro lado a pressão da federação faz sentido, já que ter garotas nas categorias finais da base é um pré-requisito para a formação de novos talentos.

O basquete blumenauense, porém, questiona o fato de que a determinação da FCB veio de um ano para outro, o que não possibilitaria a formação de uma equipe em curto prazo. Já a entidade, alega que o trabalho desenvolvido na cidade é suficiente para encontrar jovens e colocá-las em quadra. Pelo visto, nada que uma boa conversa não resolva, já que a possível desistência de Blumenau quebraria a sequência do projeto e complicaria ainda mais o que nunca foi fácil: captar recursos.