Após fechar 7,2 mil vagas de trabalho entre 2015 e 2016, Blumenau avança para o terceiro ano seguido com saldo positivo de empregos. O município gerou 3,4 mil postos de trabalho entre os meses de janeiro e maio de 2019, número que representa quase 20% das 17.525 vagas criadas desde 2009. Os dados foram fornecidos pelo Ministério da Economia, baseado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
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É preciso ponderar que os 3,4 mil postos de trabalho criados abrangem 1,2 mil vagas da administração pública, que teve a contratação de ACTs, e 1,9 mil empregos na indústria, que incluem o recrutamento de jovens aprendizes (algo que também é observado em Joinville, por exemplo). Como o intervalo é menor que um ano, há possibilidade de que essas vagas sejam fechadas ao fim do ano.
Sem considerar essas duas áreas, o setor de serviços comanda a geração de empregos ao longo de 2019, com a criação de 507 postos de trabalho. Tendência observada nos últimos anos em Blumenau. Entre janeiro de 2009 e maio de 2019 foram criadas 12,4 mil novas vagas no setor, cerca de 71% do saldo de empregos em todas as áreas do municípios nesse período.
Desde 2009, o setor de serviços teve saldo negativo de vagas apenas em 2015 e 2016 (quando fechou 309 postos de trabalho), justamente nos anos em que Blumenau teve déficit na criação de empregos. Mas as perdas do setor foram recuperadas nos anos seguintes, com a criação de 542 postos de trabalho em 2017 e mais 1.314 vagas em 2018.
O economista e professor da Furb Nazareno Schmoeller argumenta que o crescimento do setor de serviços é consequência do processo de desindustrialização e da diversificação da economia, algo que também é observado em outros municípios do país. O especialista destaca que houve migração de empregos das grandes indústrias para empresas de pequeno e médio porte, incluindo outras indústrias, comércios e serviços.
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– A economia de Blumenau está bem diversificada, inclusive dentro da própria indústria, o que puxou o crescimento dos setores de comércio e serviços. Há um número maior de pequenas empresas que absorveram os trabalhadores que deixaram as grandes indústrias nos últimos anos – explana Schmoeller.
Níveis pré-crise não retomados
Apesar do saldo positivo nos últimos anos, Blumenau ainda não recuperou as vagas que foram fechadas após 2014. Depois de perder 7,2 mil postos de trabalho em 2015 e 2016, o saldo do município desde então é a criação de 5,7 mil empregos, número que representa a recuperação de 80% dos fechamentos ocorridos durante a crise.
De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), também disponibilizados pelo Ministério da Economia, Blumenau tinha 128,8 mil postos de trabalho em 2010 e cresceu para 130,4 mil vagas em 2017, aumento de 1,1%. Schmoeller pondera que houve um “crescimento lateral”, ainda mais considerando o aumento da população economicamente ativa nesse período.
– Deveríamos estar crescendo de 2 mil a 3 mil novas vagas de emprego por ano, descontando o crescimento da população. Nesse ritmo, conseguiríamos recuperar em três anos as vagas que perdemos na crise – pontua.
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Falta de duplicação da BR-470 atinge o mercado
Apesar de chegar ao terceiro ano seguido com saldo positivo na geração de empregos, Blumenau ainda tem gargalos que dificultam a criação de mais postos de trabalho. Conforme o economista e professor da Furb Nazareno Schmoeller, a falta da duplicação da BR-470 afeta diretamente o mercado de trabalho, pois diversas empresas optam por se instalar no Litoral, pelas facilidades de transporte.
O professor afirma que há estudos que indicam que o PIB dos municípios depois da duplicação cresce de 1% a 1,5%, o que causa aumento significativo no número de empregos. Schmoeller estima que se a duplicação tivesse sido concluída em 2014, conforme chegou a ser prometido, Blumenau teria 5 mil postos de trabalho a mais.
Outro fator a ser aprimorado nos próximos anos é o aumento da produtividade, tanto no poder público quanto privado. Schmoeller defende que o município deve criar políticas públicas para aumentar a competitividade dos diversos setores da economia e investir em educação para formar mão de obra especializada.
O secretário da Fazenda de Blumenau, César Poltronieri, destaca que é dever do poder público guiar o planejamento municipal para desenvolver os setores com maior potencial econômico em Blumenau, principalmente com a queda gradual da indústria têxtil.
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Afirma que a nova realidade do município são as pequenas empresas e os microempreendedores individuais, incluindo setores de tecnologia da informação, turismo e hospitalar.
Mesmo no caso das indústrias têxteis, o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Renato Valim, destaca que há muitas empresas menores do ramo que têm interesse em transferir as atividades para Blumenau. Para isso, o dirigente do Sintex destaca que é necessário melhorar o ambiente de negócios e a infraestrutura do município.