O bloqueio na BR-470, em Blumenau, nesta segunda-feira (31) teve direito a churrasco, cerveja e até eleitor de Jair Bolsonaro (PL) irritado. Enquanto esperam uma posição do atual presidente sobre o resultado das urnas, batem papo ao som de um funk de apoio a Bolsonaro, intercalado esporadicamente com o Hino Nacional.
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Há 24 horas um grupo de manifestantes fechou a rodovia na altura do Complexo do Badenfurt. Ninguém sobe para o Alto Vale e nem desce para o Litoral Norte por ali.
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Alguns motoristas foram pegos de surpresa, como Nildo Duarte. Quando o relógio marcava 15h, ele estava parado no acostamento da BR-470, perto do Celeiro do Vale. O centro do bloqueio fica a cerca de três quilômetros dali, mas com vários caminhões parados sobre a pista, interrompendo o fluxo, o blumenauense também precisou parar.
Era 5h quando o senhor de cabelo grisalho e sorriso fácil saiu de Navagentes para entregar um carregamento de material de higiene pessoal em Rio do Sul, mas não conseguiu passar. No horário que conversou com o Santa, já era para estar de volta em casa. Nildo tentava levar na tranquilidade o cenário que se deparou nessa manhã, porém deixa claro:
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— Eu votei em Bolsonaro para poder trabalhar, e agora está sendo impedido.
Quem está de carro até consegue avançar na rodovia em direção ao Complexo do Badenfurt passando pelo acostamento. Uma pessoa e outra olha, cumprimenta, tenta desvendar se o motorista é do movimento só no olhar. Assim se chega ao ponto onde está centralizada a mobilização.
Tem barracas com comidas e alguns até preparam uma carne assada. Não precisa caminhar muito entre os manifestantes para encontrar aqueles com a cerveja na mão. Um apoiador de Bolsonaro até fazia flexões no chão, imitando o atual presidente da República, que perdeu a eleição deste domingo para Lula.
Durante a uma hora em que a reportagem esteve no local, apenas uma viatura da Polícia Militar, com três agentes, fazia a segurança no bloqueio. Não havia presença da Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável pela fiscalização de rodovias federais, como é o caso da BR-470.
> Vídeos mostram que PRF se alia a manifestantes em Rio do Sul
No posto da PRF em Blumenau, que fica exatamente à frente de onde os últimos caminhões estão parados sentido Alto Vale, um agente orienta os motoristas que chegam perguntando como escapar dos bloqueios e chegar ao destino. Ali, parado com uma fiorino, um eleitor do PT tenta ir a Rio do Sul entregar encomenda, sem sucesso.
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— Complicado, não tem por onde passar — desabafa.
Na conversa informal pela janela do posto a conclusão é de que nem todo motorista parado ali está de acordo com o bloqueio, mas com medo de ser atacado pelos manifestantes, acaba ficando. A análise tem até uma explicação: os caminhoneiros estão dentro dos veículos ou reunidos em pequenos grupos perto dos automóveis, nem todos estão no QG da manifestação.
No “núcleo quente” do bloqueio, caminhões e carros estampam bandeiras. Tem até guindaste hasteando o principal símbolo nacional. O operador do equipamento conta que está ali porque o chefe mandou colocar o guindaste no local. O empresário vê de perto o trabalho do funcionário.
Na prática, segundo a PRF, o movimento não tem liderança. E o que se ouve no grupo é uma série de suposições sobre como pode ser o desfecho da manifestação. A Polícia Rodoviária Federal disse que está nos pontos bloqueados tentando negociar a liberação das rodovias, mas, em Blumenau, a cena não era essa na tarde desta segunda-feira (31).
O governo de Santa Catarina informou que vai entrar com uma ação judicial para garantir a liberação das rodovias no Estado. O Ministério Público Federal deu 24 horas para a PRF para tomar providências quanto aos bloqueios.
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