A opositora cubana Yoani Sánchez viajou neste domingo ao Brasil, para iniciar um giro de três meses por 12 países da América Latina e Europa, o qual espera que abra “uma nova etapa” em sua vida, após ser impedida de sair da ilha 20 vezes pelo governo comunista.
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“Meu percurso começa no Brasil e pode incluir até 12 países. Com este giro, começa uma nova etapa da minha vida, e, jornalisticamente, também será uma experiência magnífica”, declarou à AFP Yoani, ganhadora de vários prêmios internacionais, antes de viajar ao Brasil via Panamá.
Yoani, uma filóloga de 37 anos autora do blog Generación Y, muito elogiado e crítico do governo comunista cubano, disse à AFP que planeja visitar, em três meses, Brasil, México, Estados Unidos, República Tcheca, Itália, Espanha e Holanda, entre outros países.
Também adiantou que, nos Estados Unidos, visitará as sedes da gigante Google e das redes sociais Twitter e Facebook. “Vou aprender tudo o que puder, e acredito que, depois desta viagem, estarei mais preparada, e que o Generación Y terá uma mudança qualitativa, porque sempre digo que na evolução está a vida”, apostou a blogueira, que chegou ao aeroporto internacional de Havana acompanhada da mãe, do filho e do marido, o jornalista opositor Reinaldo Escobar.
Yoani, que recebeu o passaporte no último dia 31 de janeiro, pôde viajar graças a uma reforma migratória que entrou em vigor em 14 de janeiro e eliminou o visto de saída e a carta-convite que, por meio século, tornaram difícil e caro para os cubanos viajar ao exterior.
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“Foram cinco anos de batalha (em que o governo a impediu de deixar a ilha) para que esse absurdo terminasse. Este domingo, atingimos a meta”, comemorou a blogueira, que morou na Suíça e, depois, retornou à ilha.
Antes de embarcar, Yoani publicou no Twitter: “Meu nome não foi pronunciado nos alto-falantes, não me levaram até uma sala para tirar minha roupa ou ler a cartilha para mim. Tudo está indo bem.”
No Twitter, ela também prometeu manter seus seguidores informados sobre a programação “intensa” de seu giro, agradeceu aos países que, “com tanta delicadeza e rapidez”, concederam-lhe o visto, e alertou ao governo cubano que “nem sonhe” que ela não retornará à ilha.
A blogueira, impedida de visitar o Brasil em 2012 pelo governo cubano, anunciou que, como primeira atividade no país, participará, na Bahia, do lançamento do documentário “Conexão Cuba-Honduras” – filmado em 2009 pelo cineasta brasileiro Dado Galvão, e no qual é entrevistada – e, em seguida, viajará a São Paulo.
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Havana acusa os blogueiros dissidentes – assim como os opositores – de serem mercenários a serviço de Washington, e Yoani de liderar a “ciberdissidência” a partir de seu blog.
O Generación Y recebeu em 2008 o Prêmio Ortega y Gasset, do jornal espanhol “El País” na categoria jornalismo digital. No mesmo ano, a revista “Time” selecionou Yoani como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, e a rede de TV americana CNN elegeu seu blog entre os 25 melhores do planeta.
Desde a entrada em vigor da reforma migratória, vários opositores solicitaram o passaporte, entre eles a líder do grupo Damas de Branco, Berta Soler – impedida em 2005, pelo líder Fidel Castro, de comparecer ao Parlamento Europeu para receber o Prêmio Sakharov, de direitos humanos -, que pretende visitar Espanha e Alemanha.